Theatro São Pedro: um tradicional cinema de bairro?

Sim, nos anos 20, o Theatro São Pedro, no bairro da Barra Funda, passa a funcionar mais como cinema, sendo raras as apresentações em seu palco. Em 1924, sua programação aparece nos jornais, em anúncios da Empresa Cinematográfica Reunidas, ao lado dos cinemas Avenida, Pathé, Marconi e Congresso, entre outros. Era o início de sua trajetória como “cinema de bairro”, com programas duplos e com uma freqüência fixa constituída pelos moradores da região, que mantinham o hábito de sempre se dirigir ao mesmo cinema, muitas vezes, sem verificar a que filmes iriam assistir.

___________________ Anúncio do cine São Pedro

Em 1941, o jornal “O Estado de S. Paulo”, na edição de 6 de julho, anunciava a reabertura do São Pedro, com “Platéia mais ampla – Poltronas novas – Som Western Eletric”, já sob controle da Empresa Cinematográfica Serrador, então com absoluta hegemonia no sistema de exibição de São Paulo.
A partir de 1946, o São Pedro ganha um destaque na programação da empresa, com programas duplos (um filme novo e outro que já havia circulado) ou seriados em episódios.
Em 1953, depois de uma avaliação da Comissão de Vistorias em Cinemas da Prefeitura Municipal, os proprietários do cinema são obrigados a realizar reformas, principalmente nos telhados e forros. A reinauguração acontece em 25 de janeiro do ano seguinte, com a exibição de “Candinho”, estralado por Mazzaropi. Com sua programação de filmes duplos, o já histórico Theatro São Pedro resistiria como sala de exibição até 1967. Uma nova fase, retornando a sua origem como teatro, era anunciada pelo jornal “Última Hora”, na edição de 1º de outubro: “Fernando Torres e Maurício Segall reabrirão as portas do Theatro São Pedro no próximo dia 29 de outubro”.
Em 1968, o Teatro passa a ser administrado por Beatriz e Maurício Segall e nesse período se inicia a fase gloriosa do teatro. Assim, pouco mais de meio século depois de sua inauguração, as cortinas do São Pedro voltam a se abrir. Para o início das atividades o prédio foi parcialmente reformado.
Em 1973, o teatro foi sub-locado à Secretaria de Estado da Cultura como sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a regência do renomado Maestro Eleazar de Carvalho. O Studio continuava abrigando montagens teatrais ainda liderados por Maurício e Beatriz Segall e continuava a ser sub-locado novamente para outros grupos até 1981, quando o prédio foi devolvido a seus proprietários, descendentes de Manoel Fernandes Lopes.
Entre 1968 a 1981, foram montados inúmeros espetáculos, de grande relevância para a história dos palcos nacionais.
Tombamento e desapropriação
O processo de tombamento do Theatro São Pedro, que tramitava desde 1982, culminou em agosto de 1984, quando o então secretário estadual da Cultura, Jorge da Cunha Lima, declarou oficialmente a preservação da histórica casa de espetáculos. Em março de 1987, a partir do decreto de sua desapropriação, o teatro passou para a guarda e a responsabilidade da Secretaria de Estado da Cultura. Mesmo assim, mais de uma década transcorreu antes que ele fosse restaurado e voltasse a abrir suas portas para o público paulistano.
A restauração
Em 1998 o Theatro São Pedro finalmente foi restaurado. Uma reforma meticulosa recuperou suas características arquitetônicas originais que resgatam a memória artística paulistana se constituindo como um dos poucos referenciais da cultura do começo do Século XX que restam em São Paulo. A reforma foi marcada pela recuperação das linhas originais do prédio, conciliando uma moderna infra-estrutura de teatro, totalmente adequada às exigências dos espetáculos atuais.
Sala Inorá de Carvalho
No dia 19 de janeiro de 2002 foi inaugurada, num anexo do teatro, a Sala Dinorá de Carvalho, homenagem à pianista e compositora que, em seus 85 anos de vida, se dedicou ao estudo, à criação e à divulgação da música brasileira. A Sala Dinorá de Carvalho recebeu o piano Steinway que pertenceu à pianista. Foi idealizada para receber recitais e grupos de câmara e tem capacidade para 90 pessoas.
Theatro São Pedro
Rua Barra Funda, 171 - Barra Funda – São Paulo - SP
Tel.: 3667-0499
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Imagens e textos extraídos do livro “Theatro São Pedro – Resistência e Preservação” (Secretaria de Estado da Cultura) e do site oficial do teatro.

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BIBLIOGRAFIA DO SITE

PRINCIPAIS FONTES DE PESQUISA

1. Arquivos institucionais e privados

Bibliotecas da Cinemateca Brasileira, FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Mackenzie.

2. Principais publicações

Acervo digital dos jornais Correio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.

Acervo digital dos periódicos A Cigarra, Cine-Reporter e Cinearte.

Site Arquivo Histórico de São Paulo - Inventário dos Espaços de Sociabilidade Cinematográfica na Cidade de São Paulo: 1895-1929, de José Inácio de Melo Souza.

Periódico Acrópole (1938 a 1971)

Livro Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, de Vicente de Paula Araújo - Ed. Perspectiva - 1981

Livro Salas de Cinema em São Paulo, de Inimá Simões - PW/Secretaria Municipal de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura - 1990

Site Novo Milênio, de Santos - SP
www.novomilenio.inf.br/santos

FONTES DE IMAGEM

Periódico Acrópole - Fotógrafos: José Moscardi, Leon Liberman, P. C. Scheier e Zanella.

Fotos exclusivas com publicação autorizada no site dos acervos particulares de Joel La Laina Sene, Caio Quintino,
Luiz Carlos Pereira da Silva e Ivany Cury.

PRINCIPAIS COLABORADORES

Luiz Carlos Pereira da Silva e João Luiz Vieira.

OUTRAS FONTES: INDICADAS NAS POSTAGENS.