Profissionais da exibição: Kazuo Yamaguti, projecionista

Natural da cidade de Bauru, interior de São Paulo, Kazuo Yamaguti começou a trabalhar como operador de cabine de projeção logo que chegou na cidade de São Paulo, no início dos anos de 1960. Passou por vários cinemas: Nikkatsu, Niterói, Gemini, Metro, Majestic, Comodoro e Top Cine.

Kazuo trabalhou no Top Cine até 1990 e, no ano seguinte, foi trabalhar no Japão. Quando voltou ao Brasil, em 1993, não conseguiu mais emprego nas redes de cinema, pois exigiam diploma de nível superior, mesmo tendo ele quase 30 anos de experiência como projecionista. Kazuo faleceu em 2014.

Agradeço a colaboração de Koiti Cesar Yamaguti,
filho de Kazuo Yamaguti.

Kazuo com sua esposa Tizuru Nomizo na cabine do cine Nikkatsu - Anos de 1960
Recepção de artistas japoneses no cine Niterói. Kazuo Yamaguti é o terceiro, a partir da esquerda - Anos de 1960
Restaurante do cine Niterói onde trabalhou a esposa de Kazuo (no centro da foto), antes de conhecê-lo - 1958
Restaurante do cine Niterói onde trabalhou a esposa de Kazuo (atrás, no centro da foto), antes de conhecê-lo - 1958
Kazuo no cine Niterói - 1972
Kazuo em frente à bilheteria do cine Niterói - 1972
Equipamentos de áudio e projeção do Top Cine - 1989
Kazuo na cabine de projeção do cine Top Cine - 1989


Cinemas de arte alteram o espaço urbano paulistano

por Paulo Roberto Andrade ( paulo.roberto.andrade@usp.br ) - Agência USP
Os cinemas de arte, como os da região da Avenida Paulista, causam maiores transformações físicas e sociais no espaço urbano do que as grandes redes instaladas nos shoppings centers. Na cidade de São Paulo, estas salas de exibição representam 11% das poltronas e possuem programação regular. Diferentemente dos multiplex (localizados nos shoppings), os cinemas de arte se instalam em vias públicas, galerias e espaços culturais e não têm padronização de salas ou logomarcas, exibindo lançamentos norte americanos independentes, europeus, asiáticos, sul americanos, entre outros.
O geógrafo Eduardo Baider Stefani realizou um levantamento das salas de cinema da cidade para entender como elas estão distribuídas espacialmente e quais as repercussões sociais dessa distribuição no espaço urbano. “Procurei entender como um determinado tipo de cinema cria um determinado tipo de público e como os diferentes públicos modificam o espaço urbano”, explica.
O tamanho de São Paulo dá condições para que exista um circuito de cinemas de arte. Para sua pesquisa de mestrado “A geografia dos cinemas no lazer paulistano contemporâneo: redes e territorialidades dos cinemas de arte e multiplex”, apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e orientada pelo professor Júlio César Suzuki, Baider recorreu à bibliografia e a guias semanais de jornais. Também realizou entrevistas em campo, de caráter qualitativo, com frequentadores dos diversos tipos de cinema. As questões abordaram as características dos públicos e os motivos da escolha dos cinemas, entre outras.
Multiplex e Artes
Baider identificou dois grandes grupos de cinema, relacionados à quantidade e tipo de público, quanto aos filmes exibidos, entre outros: os cinemas Multiplex e os, já citados, cinemas de arte.
Os multiplex representam 85% das salas da cidade. Para o pesquisador, eles são resultado da transformação do cinema enquanto lazer. Nos anos 1950 e 1960, os filmes eram produtos genéricos, exibidos em salas com 1.500 a 2.000 lugares e atraindo todo tipo de público. “O multiplex surge, no fim dos anos 1980, quando a indústria cinematográfica começa a criar produtos para públicos específicos” explica. “Eles possuem salas menores e padronizadas, com 150 a 400 lugares e estão dispostos, preponderantemente, em Shoppings Centers”.
A partir das entrevistas, Baider observou que os frequentadores dos multiplex utilizam o espaço do shopping de maneira mais temporária e menos permanente e sólida. Ele fica limitado a um espaço urbano cerceado e controlado pelas regras do shopping. “Esse frequentador vê o cinema como um lazer. Quando ele muda de amizades, de namorada, de tipo de entretenimento, por exemplo, ele também muda de cinema”, avalia Baider.
Já o frequentador do cinema de arte está mais preocupado com o conteúdo do filme, e não com as tecnologias das salas de exibição. “O espectador, nesse caso, vê o produto fílmico, não como um simples entretenimento, mas como uma forma de adquirir cultura. Ele se propõe a consumir o filme como um lazer ativo”, analisa o pesquisador.
Diferentes interferências urbanas
Os cinemas de arte propiciam transformações urbanas mais intensas, sólidas e perceptíveis do que os multiplex. “Por exemplo, temos uma territorialidade de cinemas de arte e seus frequentadores na área da avenida Paulista, que foi fomentada quando o mercado percebeu a movimentação de frequentadores em função dos primeiros cinemas de arte, como o Espaço Unibanco, o HSBC e outros. A partir daí, novos cinemas foram se instalando e consolidando a cena alternativa da região”, analisa Baider.
Para Baider, esse circuito alternativo só é possível devido à imponência espaço-social de São Paulo, que têm a capacidade de fomentar diversos tipos de público e criar um circuito de cinemas de arte e diversos outros lazeres relacionados. O mesmo não ocorre em cidades menores, que possuem poucos cinemas de arte.
Expansão das grandes redes
Segundo o pesquisador, os multiplex pertencem a poucas redes de exibição, que tentam mapear o espaço da cidade para obter o maior lucro possível. “Os primeiros multiplex se instalaram em shoppings do centro expandido. Hoje, a região central já é um espaço bem mapeado, e a expansão se dá agora em shoppings da periferia, como Itaquera e Aricanduva, relata o pesquisador. “Seria interessante pensar em políticas públicas a partir de instalações de equipamentos culturais que visassem a valorização do espaço urbano. É o que, mais ou menos, já acontece com o centro tradicional, com o Centro Cultural do Banco do Brasil, Centro Cultural da Caixa, com a revitalização do cine Olido, do cine Marabá, entre outros”, diz o pesquisador.
Mais informações: (11) 9510-6352 ou e-mail baider@usp.br, com o pesquisador Eduardo Baider Stefani.
Texto publicado no site da Universidade de São Paulo e enviado, gentilmente, pelo colaborador Paulo Ernesto Aranha Rodrigues (vice-presidente da Federação de Cineclubes do Estado de São Paulo) - E-mail: macabixada@ig.com.br

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BIBLIOGRAFIA DO SITE

PRINCIPAIS FONTES DE PESQUISA

1. Arquivos institucionais e privados

Bibliotecas da Cinemateca Brasileira, FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Mackenzie.

2. Principais publicações

Acervo digital dos jornais Correio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.

Acervo digital dos periódicos A Cigarra, Cine-Reporter e Cinearte.

Site Arquivo Histórico de São Paulo - Inventário dos Espaços de Sociabilidade Cinematográfica na Cidade de São Paulo: 1895-1929, de José Inácio de Melo Souza.

Periódico Acrópole (1938 a 1971)

Livro Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, de Vicente de Paula Araújo - Ed. Perspectiva - 1981

Livro Salas de Cinema em São Paulo, de Inimá Simões - PW/Secretaria Municipal de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura - 1990

Site Novo Milênio, de Santos - SP
www.novomilenio.inf.br/santos

FONTES DE IMAGEM

Periódico Acrópole - Fotógrafos: José Moscardi, Leon Liberman, P. C. Scheier e Zanella.

Fotos exclusivas com publicação autorizada no site dos acervos particulares de Joel La Laina Sene, Caio Quintino,
Luiz Carlos Pereira da Silva e Ivany Cury.

PRINCIPAIS COLABORADORES

Luiz Carlos Pereira da Silva e João Luiz Vieira.

OUTRAS FONTES: INDICADAS NAS POSTAGENS.