Visita à extinta Cinelândia paulistana

Fotos: Antonio Ricardo Soriano - 14/10/2013

Preservaram apenas a fachada do antigo cine Cairo


Fachada do antigo cine Cairo e atrás, o prédio da Praça das Artes

Entrada da Praça das Artes pela Av. São João, local onde funcionava o cine Saci


Entrada da Praça das Artes ao lado do cine Marrocos

Antigo cine Marrocos

Antigo cine Marrocos

Em reforma, para futuras instalações da Secretaria Municipal da Educação

Prédio onde funcionava o cine Art Palácio, antigo UFA-Palácio, futura casa de espetáculos


Entrada da Galeria Olido e cine Olido

Bilheteria do cine Olido


Escadarias do cine Olido

Cine Dom José, antigo cine Jussara

Cine Marabá

Cine Marabá

Cine Marabá

Prédio do antigo cine Ipiranga (fechado e abandonado)

Prédio do antigo cine Metro (totalmente preservado, inclusive o seu interior)

Prédio do antigo cine Paissandú (fechado e abandonado)

Local onde funcionava o cine Rosário, no Edifício Martinelli

Praça das Artes e o prédio do cine Marrocos, vistos do topo do Edifício Martinelli
































































































































































Exemplos de preservação dos cinemas de rua pelo Brasil: Cine Theatro Brasil - Belo Horizonte (MG)

Oito de outubro de 2013 entra para a história como o dia em que Belo Horizonte passou a conviver novamente com um dos seus mais belos patrimônios materiais: o Cine Theatro Brasil Vallourec. Localizado no coração da capital mineira, é um dos principais símbolos da cultura belo-horizontina, de seus valores, hábitos e costumes.



Projetado em 1930 pelo arquiteto Alberto Murgel e inaugurado em 14 de julho de 1932, o Cine Theatro Brasil foi um marco na arquitetura da ainda provincial Belo Horizonte. Foi o primeiro prédio da cidade sob a influência do estilo Art-Déco, inspirado na arquitetura francesa, com volumes geométricos bem definidos, pouca ornamentação, vitrais de ferro e vidro martelado e revestimento das fachadas em pó de pedra.



A construção também foi pioneira na utilização de concreto armado, contando com a assessoria técnica do engenheiro calculista Emílio Baumgart, que, posteriormente,  trabalhou no grupo modernista carioca integrado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Todo o concreto utilizado foi importado da Inglaterra.

Durante um bom tempo, o Cine Theatro Brasil foi o prédio mais alto de Belo Horizonte. O fascínio por conhecer a cidade do alto era tamanho que as pessoas pagavam ingresso para visitar o terraço de onde se avistava toda a Serra do Curral.

O pioneirismo arquitetônico do Cine Theatro Brasil abriu caminho para edificações construídas nas duas décadas seguintes em Belo Horizonte, como o Edifício Ibaté (Rua São Paulo), o Edifício Capixaba (Rua Rio de Janeiro), o prédio do Centro dos Chauffeurs (Rua Acre), a sede da Prefeitura Municipal, o edifício dos Correios e Telégrafos (Av. Afonso Pena) e o Edifício Chagas Dória (Rua Sapucaí). Esse movimento fez com que Belo Horizonte se tornasse uma das cidades brasileiras com maior presença do estilo Art-Déco.

Um espaço para todos

Nem todos conseguem se lembrar, mas, como o próprio nome já diz, o Cine Theatro Brasil foi construído como um espaço para abrigar diversas formas de arte, como teatro, ópera, música e, claro, o melhor da sétima arte. Também era o ponto de encontro da sociedade belo-horizontina, com eventos como os tradicionais bailes de carnaval que aconteciam nos foyers internos do teatro.

Além do teatro com 1.827 lugares, durante décadas, o espaço abrigou dezenas de salas comerciais, além do tradicional Bar Brasil e do primeiro Restaurante Popular inaugurado por Juscelino Kubitschek em 01 de maio de 1952. Lá trabalhavam distintos profissionais liberais, como médicos, dentistas e advogados, além de empresas dos mais diversos ramos de atividade.

Do romance à Stallone

O primeiro filme exibido no Cine Theatro Brasil foi “Deliciosa”, romance musical da Fox Moviestone, que apresentava a vida de uma imigrante num transatlântico. A estreia contou com a presença do ator principal do filme, Raul Roulien, que saudou a plateia em duas sessões completamente lotadas. Cerca de 2,5 mil pessoas se amontoaram para assistir ao filme e observar os trajes, bailes e os costumes de uma época na qual a Europa ditava a moda em Belo Horizonte.

Durante décadas, já exclusivamente como cinema, o espaço exibiu centenas de produções cinematográficas. Do clássico ao popular, os filmes marcaram a vida de muitas gerações. Charles Chaplin, Mazzaropi e até Os Trapalhões – todos tiveram espaço no cinema mais querido da cidade. Em 1999, o já decadente Cine Brasil exibia sua última sessão: “O Especialista”, de Sylvester Stallone.



A Restauração

Devido à sua relevância arquitetônica e histórica para Minas Gerais, o prédio do Cine Theatro Brasil Vallourec é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Estadual e Municipal.


Após sete anos fechado, em 2006, o edifício foi adquirido pela Fundação Sidertube, mantida pelo grupo Vallourec, tendo em vista dois importantes propósitos: restaurar este extraordinário patrimônio da cidade e, ao mesmo tempo, transformá-lo num centro de cultura para a população de Belo Horizonte.

O grande desafio da restauração foi conhecer a estrutura do imóvel sem as plantas originais, que se perderam com o tempo. Nas escavações, foram encontradas a pedra fundamental da construção, de 1928 e uma caixa com moedas e outros objetos deixados pelos operários no primeiro dia de obras, assim como mandava a tradição da engenharia.




A fachada principal do edifício foi reconstituída seguindo a construção original, com revestimento em pó-de-pedra, três grandes vitrais com desenhos geométricos e quatro grandes lanternas em metal e vidro. As tradicionais portas pantográficas também foram reconstruídas e possibilitam ao público admirar, mesmo da calçada, o hall de entrada do Cine Theatro Brasil Vallourec, assim como acontecia na década de 1930.




Mesmo tendo sido construído originalmente sob uma super-resistente construção de concreto armado, o prédio recebeu uma nova estrutura de sustentação, feita com tubos de aço produzidos pela Vallourec. O reforço possibilitou a construção de um novo pavimento, com fundação independente, acima do telhado original.




Outro grande desafio das equipes de arquitetura e engenharia foi reconstituir parte da estrutura que se desgastou ou se perdeu com o tempo, como os quatro vitrais originais da fachada, projetados nos Estados Unidos. Os ladrilhos hidráulicos, com formas geométricas, tiveram que ser reproduzidos por uma empresa especializada, de Barbacena (MG). Quatrocentas poltronas originais foram restauradas por uma empresa do Paraná – a mesma que as construiu, em 1932 – e, agora, encontram-se no Teatro de Câmara, com capacidade para 200 pessoas, e outras 200 nas últimas filas do balcão do Grande Teatro.



As frisas laterais, eliminadas em uma das reformas do espaço, foram descobertas pelos arquitetos em fotografias dos primeiros anos do teatro e reconstruídas. Mas a maior surpresa da equipe de restauro estava escondida por trás de cinco camadas de tinta. Foram recuperadas as pinturas originais em estilo Art Déco do teatro principal, assinadas pelo artista-plástico italiano Ângelo Biggi, radicado em Juiz de Fora (MG).




Em tons de marrom, as pinturas seguem o estilo marajoara com formas geométricas. As escadas originais, uma delas em formato caracol, também foram restauradas, mas, na reforma, foram construídas outras três saídas de emergência, além de quatro elevadores.

Texto do site oficial do Cine Theatro Brasil Vallourec.




Grandes empresários da exibição cinematográfica: Paulo Sá Pinto

Por Antonio Ricardo Soriano.
Paulo Barreto de Sá Pinto foi um dos maiores empresários da história da exibição cinematográfica no Brasil (São Paulo e mais seis capitais brasileiras). Introduziu muitas inovações em seus cinemas: a 3ª Dimensão, o Cinerama, o Cinemascope e as audições musicais. Tinha o hábito de decorar cinemas com muito bom gosto, requinte e conforto.
Mineiro da cidade de Santos Dumont, Paulo Sá Pinto veio ainda criança para o Rio de Janeiro e o seu primeiro emprego foi como conferente de alfândega, no Cais do Porto. Depois se transferiu para Porto Alegre, onde teria trabalhado em publicidade e começado a se interessar pela área de exibição. Seria, entretanto, em São Paulo, que fundaria a “Empresa Cinematográfica Paulista”, cujos primeiros cinemas construídos foram o Ritz (1943) e o Marabá (1944). No final dos anos 40, expandiu o seu “circuito de cinemas” para Porto Alegre e Curitiba, fundando a “Empresa Cinematográfica Sul”.

Em 1952, Paulo Sá compra o prédio onde funcionava o antigo cine República. O antigo cinema estava desativado e no local funcionava uma repartição da Prefeitura. O novo cine República, depois de uma grande reforma, foi inaugurado no mesmo ano, com o filme “A Vida Secreta de Nora”, com Loreta Young e Joseph Cotten. Neste cinema, Paulo Sá lança grandes novidades da tecnologia da exibição cinematográfica:
- Em 1953, passa a exibir filmes produzidos em 3ª Dimensão (3D), processo de exibição que necessita de óculos especiais para criar a impressão de profundidade (óculos que, na época, passavam por um processo de esterilização). O primeiro filme exibido foi “Veio do Espaço”.

Anúncio do jornal "Folha da Manhã", de 25/10/1953
- Em 1954, exibe o Cinemascope pela primeira vez em São Paulo, com o filme “O Manto Sagrado” (segundo filme rodado em Cinemascope, mas o primeiro a ser lançado comercialmente nos cinemas americanos, sendo que o primeiro filme rodado neste formato foi “Como Agarrar um Milionário”, de 1953).

Anúncio do jornal "Folha da Manhã", de 04/04/1954
- Em 1955, instala a maior tela do mundo (250 metros quadrados).
Em 12 de dezembro de 1957, em uma noite de gala, inaugura o cine Olido, na Avenida São João, com a exibição do filme “Tarde Demais para Esquecer” (1957). Nesta mesma noite, uma orquestra sinfônica apresentou o tema do mesmo filme “An Affair To Remember” (canção que ganhou o Oscar) e, em seguida, acompanhou as cantoras Cidalia Meireles e Leila Cury, em diversas músicas.

Anúncio da inauguração do cine Olido (Jornal "Folha da Manhã" - 12/12/1957)
Em abril de 1959, Paulo Sá anuncia mais uma inovação. Em uma entrevista, declara que, em Paris, havia assinado um contrato para exibir o Cinerama no cine Comodoro em São Paulo e que seria apresentado aos paulistanos brevemente, tudo dependendo da chegada das máquinas, pois o Comodoro já estava praticamente pronto. O cine Comodoro Cinerama, na Avenida São João, 1462 (no centro da capital) foi inaugurado, às 14 horas, do dia 14 de Agosto de 1959, com o filme “Isto é Cinerama”. São Paulo foi a única cidade brasileira que realmente assistiu ao Cinerama legítimo, com três projetores trabalhando simultaneamente.
Paulo Sá Pinto foi homenageado por muitas vezes. Em 6 de novembro de 1959, o Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito da USP entregou a ele o diploma e o colar do grau de “Comendador da Honorifica Ordem Acadêmica de São Francisco”. Depois, em 22 de junho de 1961, em sessão realizada na Câmara Municipal de São Paulo, recebe o título de “Cidadão Paulistano”, sendo saudado pelo plenário, pelas iniciativas no setor da exibição cinematográfica, ressaltando a introdução da 3ª Dimensão, Cinemascope e Cinerama. Em 16 de agosto de 1962, recebe mais uma homenagem. É condecorado com a “Medalha Imperatriz Leopoldina”, conferida pelo Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

Paulo Sá recebendo o título de “Cidadão Paulistano” (Folha da Manhã, 23/06/61)
Em 25 de maio de 1966, às 21 horas, Paulo Sá inaugura o cine Ouro, no Largo do Paissandu, com uma sessão de gala do filme “O Colecionador”, do diretor William Wyler (Ben Hur). O cinema era todo decorado no estilo colonial brasileiro e possuía cópias em gesso das obras de Aleijadinho. Uma delas era uma réplica do frontal do altar-mor da Igreja de São Francisco em Ouro Preto, Minas Gerais (cedida pela Faculdade de Arquitetura de Minas Gerais, com autorização do Patrimônio Histórico Nacional). Nas sessões, antes do filme começar, o expectador tinha audições ao vivo de piano. O cine Ouro era considerado uma das salas mais luxuosas do país.
Nos anos 70, Paulo Sá foi um dos poucos empresários dispostos a abrir novas salas de cinema na capital de São Paulo. Enquanto outras empresas fechavam cinemas ou dividiam salas grandes em duas pequenas, ele preferia manter uma posição que havia adotado como regra para o seu negócio: bons filmes em salas confortáveis. Inaugurou os cines Del Rey (reinauguração, antigo cine Radar), Bristol (decorado em estilo inglês medieval) e Liberty (decorado em estilo baseado em museus da Europa). Podemos, também, citar a inauguração do cine Paulistano em 20/03/1969.
Em 1971, Paulo Sá declarou em entrevista para o jornal “Folha de S. Paulo”:
“Abri muitas salas. Em compensação, tive de fechar outras. (...) O fato de ter inaugurado vários cinemas, em poucos anos, não significa nada. É a marcha do progresso. Dentro do seu setor, o empresário progride ou morre. Prefiro progredir, mesmo que isso custe grandes esforços e muito dinheiro.”
“Hoje em dia eu não posso afirmar em quanto tempo uma sala como o Bristol ou o Liberty, pode arrecadar somas que a empresa aplicou em equipamentos e decorações. São salas de alto gabarito. (...) Nem sei se vou recuperar o dinheiro aplicado nas salas. Ou se, um dia, terei de fechá-las.”
Pouco tempo antes de falecer, Paulo Sá Pinto, já com a saúde debilitada, ainda comandava suas empresas, que administravam uma rede com mais de 60 cinemas espalhados em sete capitais (só em São Paulo, 40 salas), tendo como sócios, os irmãos Magalhães Rodrigues e Francisco José Lucas Neto. Além disso, era sócio de vários outros empreendimentos e da distribuidora Art filmes. Despachava em seu gabinete na Avenida São João, com sua fiel secretária, dona Lourdes Peixoto, que o acompanhou por mais de 30 anos.
Paulo Sá Pinto faleceu em 24 de janeiro de 1991, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, vítima de insuficiência respiratória, ocasionada por problemas no pulmão.
Fontes de pesquisa: Jornais Folha de S. Paulo, 25/05/1966 - 21/04/1971 e Folha da Manhã, 15/12/1957 e 23/06/1961.
Texto publicado em 04/09/2009 e atualizado em 11/05/2010.
Depoimento:
Christine Sá Pinto (Sobrinha do Sr. Paulo Sá Pinto)
Adega La Pipa - Rua Canário, 810 - Moema - São Paulo - SP - Twitter: adegalapipa
"Paulo Barreto de Sá Pinto era irmão do meu pai, Dr. Antonio Barreto de Sá Pinto. Desde pequenina, adorava ir à Empresa Sul e Paulista (Av. São João). Meu pai trabalhava com meu tio Paulo e viajava muito com ele, levando junto, desde pequeno, o meu irmão Eduardo (tínhamos permanente). Quando mocinha cheguei a trabalhar na Empresa e sempre tive orgulho de dizer aos meus amigos, quem era meu tio."

"Paulo Sá Pinto sendo recebido pelo irmão Dr. Antonio Barreto de Sá Pinto e o sobrinho Eduardo (ao lado esquerdo do Sr. Paulo, Primo Carbonari)."
"Cinemas Comodoro, Marabá, Ipiranga, Bristol, Liberty e o cine Ouro (meus pais iam sempre ver as obras... eram lindos!)."

"Meus pais, Antonio e Laurinda Barreto de Sá Pinto e o meu irmão Eduardo, estavam muito elegantes na inauguração do cine Ouro."

"Meus pais sendo recebidos na inauguração do cine Ouro."

"Dr. Antonio B. de Sá Pinto discursando para o irmão Paulo." (na parede, um cartaz de um filme em "Cinerama")
"Lembro-me muito do Primo Carbonari. Ele foi ao meu casamento (acreditem!). Quando pequena, todo final de ano, ganhava bonecas dele (bonecas que falavam!). Chegamos a visitá-lo em sua casa."
"Casei em 1987 e, mesmo assim, o meu tio Paulo mandava permanentes de cinema para mim. Ele era muito bonzinho. Hoje não vou mais ao cinema. Muito raro."
Leia este depoimento na íntegra em "Comentários".
Fotos cedidas por Christine Sá Pinto.
Clique nas imagens para ampliá-las.

Paulo Sá Pinto: homenagem a um exibidor pioneiro

Artigo do periódico semanal "Cine Reporter", de 02/07/1960:

Recebe o Sr. Paulo Sá Pinto a Medalha 
"Marechal Rondon".

Paulo Sá Pinto com a Medalha "Marechal Rondon".
No cine Comodoro, desta Capital, o conhecido exibidor paulista é homenageado, publicamente, pela Sociedade Geográfica Brasileira.

Entre as muitas personalidades brasileiras que hoje ostentam a Medalha "Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon", conferida pela Sociedade Geográfica Brasileira, entidade de reais méritos cívicos e culturais, inclui-se também um cinematografista dos mais conceituados: Paulo Sá Pinto.

Para nós de Cine Reporter é sempre motivo de satisfação falar de Paulo Sá Pinto e toda vez que a missão de jornalista nos leva a escrever sobre ele, devemos fazer referências à sua lhaneza de trato ("que expressa sinceridade"), seus inegáveis dotes de cavalheiro e principalmente sua dedicação ao ramo de negócio que o alçou em pouco tempo para um dos postos principais da empresa que leva seu nome e que é, indubitavelmente, uma das conquistas mais caras da cinematografia brasileira, principalmente da cinematografia bandeirante.

A Empresa Paulo Sá Pinto com que costumamos designar as empresas cinematográficas "Sul" e "Paulista", nestes últimos anos, vem experimentando uma evolução em ponto grande e a devem a esse dínamo de trabalho e descortínio ("perspicácia") comercial que é Paulo Sá Pinto. Por outro lado, o público muito lhe deve pelas magníficas casas de espetáculos que ele soube plantar em solo paulista, dotando a nossa Capital de cinemas que o honram como grande centro de diversões da América do Sul, além de ser, como é lugar comum dizermos sempre, a Capital do cinema do Brasil. De há muito São Paulo tomou a dianteira e é em suas principais artérias que estão plantados os cinemas dignos de maior menção. Muitos desses cinemas nasceram da inspiração e do espírito de iniciativa desse moço que é Paulo Sá Pinto, que entrou para a cinematografia com a chama sagrada de um ideal que os anos mais solidificam. Hoje, ao olhar para trás, ele pode ver, com orgulho, que foi semeado ao longo do caminho percorrido, cinemas que procurados por um público incalculável, cumprem sua missão de entreter.

Toda a obra de Paulo Sá Pinto, dentro e fora da cinematografia, tem sido também a de semear boas amizades. No próprio cinema nacional ele conta com admiradores certos que ainda confiam no muito que ele pode fazer em prol de nossa cinematografia no ramo da produção. Embora suas iniciativas nesse setor sejam esporádicas, sempre há que acentuar o valor da bilheteria e mesmo artístico das películas que contaram com sua participação direta. E um dos últimos trabalhos do gênero foi bem uma demonstração de que Paulo Sá Pinto é um produtor nato e bem quisermos que ele prosseguisse nesse setor de atividade. Todos estão lembrados do sucesso artístico e de bilheteria de "Ai vêm os cadetes", o filme produzido por Paulo Sá Pinto e realizado por Primo Carbonari, o homem que descobriu o processo "Amplavisão" (similar ao CinemaScope) e é um grande batalhador pela causa do cinema nacional.

Carbonari (de branco) apresenta o "Amplavisão" no cine República, em 25/01/1956.


Eis em poucas linhas uma visão mais ou menos extensa da obra concreta de Paulo Sá Pinto como líder cinematográfico que ele na verdade o é, numa cidade que o recebeu de braços abertos, há alguns anos atrás, e onde, mercê de seu trabalho, tenacidade e espírito de iniciativa, pôde prosperar e mostrar do quanto é capaz.

Este cinematografista de escol ("elite") vem de ser homenageado e Cine Reporter na pessoa de seu diretor e fundador, jornalista Antenor Teixeira, fez questão de presenciar a homenagem.

Num fim de tarde (eram pelo nosso relógio exatamente 5h30 de uma tarde bonita em plena São Paulo), no passado dia 13 de junho, no salão do cine Comodoro (um dos cinemas da cadeia de exibição comandada por Paulo Sá Pinto), tendo a assisti-la convidados ilustres e numerosos amigos do não menos ilustre homenageado, os diretores da Sociedade Geográfica Brasileira fizeram a entrega a Paulo Sá Pinto da Medalha "Marechal Rondon", honraria das mais caras e que somente é conferida às mais destacadas personalidades brasileiras da atualidade.

Cine Reporter pelo seu diretor, pôde sentir, ao longo da solenidade, quanto é querido Paulo Sá Pinto, então abraçado pelos amigos, todos com indisfarçável satisfação pela justiça da homenagem naquela tarde prestada a um homem que muito a mereceu.



Das mãos do Sr. Silvio Natividade, diretor-secretário da Sociedade Geográfica Brasileira, o Sr. Paulo Sá Pinto recebeu a sua Medalha "Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon", em meio aos aplausos da seleta assistência.

Para provar que era possuído de intensa emoção naquele instante glorioso de sua vida, o Sr. Paulo Sá Pinto bastaria dizer, como disse, tão comovedoras palavras de agradecimento, num discurso brilhante do qual fazemos questão de revelar alguns dos mais marcantes trechos:
"Pedi para receber a Medalha 'Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon', no meu ambiente de trabalho: um cinema. E assim o fiz, porque, devo proclamá-lo com toda a sinceridade, este prêmio eu o recebo envaidecido como se fora dado, não só a mim, mas a toda a família cinematográfica brasileira, cuja alta missão social cumprida com perseverança, a faz, inegavelmente, credora da admiração de nosso povo".

E mais adiante encerrou com estas palavras calorosas: "Hei de honrar esta Medalha. Porque assim o fazendo, tornar-me-ei mais digno da classe dos cinematografistas e estarei honrando a memória do nome tutelar do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, guia de um Brasil que confia em si mesmo, que caminha seguro para o seu destino de ser uma potência mundial, porque é a Terra da Liberdade e de homens de valor e que tem a conduzi-la gigantes como o Marechal Rondon".

Mais informações sobre Paulo Sá Pinto neste blog:

Grandes empresários da exibição cinematográfica: Paulo Sá Pinto

Lembrando Paulo Sá Pinto

O cine Comodoro

Cine Comodoro: não dá para esquecer o impacto que era entrar no cinema

Por João Luiz Vieira (Professor Doutor de Cinema e Vídeo na Universidade Federal Fluminense. Agradecimentos especiais a Silvia Steinberg)

O cinema do fim da São João, em São Paulo, mais precisamente no número 1462 da importante avenida, é (era) o mitológico Comodoro, inaugurado em 16 de agosto de 1959 com o filme Isto é Cinerama, que lançava no Brasil, e exclusivamente em São Paulo, o "sistema que revolucionou o mundo das diversões", conforme ficou escrito por baixo de sua marquise, durante anos.

O Cinerama chegava, enfim, ao Brasil, depois de sete anos de total sucesso em algumas capitais e cidades importantes mundo afora. Eram poucas, porque ficava muito cara a instalação daquele sistema pioneiro de tela panorâmica de três projetores que, simultaneamente, formavam uma imagem de tamanho gigantesco, projetada numa imensa tela de 146 graus de curvatura.

Não dá para esquecer o impacto que era entrar no cinema, com ingressos comprados necessariamente com antecedência, poltronas numeradas (procurávamos sentar sempre na frente, assim, entre a sétima e a décima fileira, no meio, claro, quase que dentro da tela, mesmo por causa da curvatura), a excitação que toda aquela antecipação provocava, a sensação de que algo realmente especial estava prestes a acontecer, principalmente porque à frente só havia mesmo uma enorme cortina vermelha, generosa em pesadas pregas que cobriam toda a parte frontal do cinema, do teto ao chão.

Os espectadores iam enchendo a sala aos poucos e, em seguida, as luzes começavam a diminuir enquanto que as cortinas se abriam o suficiente para mostrar uma imagem quadrada, correspondente ao tamanho do 35mm normal. Na tela, em preto e branco, aparecia um documentário, apresentado por Lowell Thomas, produtor do espetáculo, que fazia um breve histórico cronológico e evolutivo das imagens em movimento, indo até a pré-história e o homem da caverna até, claro, o Cinerama, a "maior conquista do homem", etc.

Mostrava as câmeras, descrevia o processo de filmagem até que finalmente anunciava a novidade aos espectadores, na voz dublada e inconfundível do locutor Jorge Calhela (?), responsável pelos comerciais da Bozano - creme de barbear: "...e agora, senhoras e senhores... vamos ao Cinerama!" conclamando a platéia e inscrevendo-a diretamente dentro do espetáculo. Aí, já colorida, surgia a imagem do trenzinho subindo uma célebre montanha russa de Coney Island, no Brooklyn, imagem que se formava aos poucos, diante de nossos olhos maravilhados, exatamente sincronizada com as cortinas que, então, se abriam completamente.



Quando o trenzinho chegava na parte mais alta da estrutura da montanha russa, a imagem estava completa, a tela curva completamente aberta com os três projetores em ação e começava a queda vertiginosa do trenzinho ao mesmo tempo em que, por toda a sala, o som estereofônico se abria, num envolvimento com o espetáculo absolutamente inédito até então. Era uma sensação física, os espectadores se agarravam nos braços das poltronas. Você, digamos, estava "dentro do espetáculo" e dele fazia parte, como a publicidade não cansava de enfatizar.

Dá para imaginar o impacto provocado por toda essa tecnologia, principalmente aos olhos de um garoto de dez anos de idade, quando tudo sempre parece ainda maior. Todas as sessões tinham prólogo, intervalo e, no final, com as cortinas já fechadas, ainda apresentavam uma “música de saída” que acompanhava os espectadores no esvaziamento da sala. Era um ritual de verdade, incluindo os espectatores, em geral, bem arrumados. Como tínhamos família em SP, era para lá que íamos, eu e meu irmão, duas, três vezes por ano, de férias sempre. Não tinha programa melhor. Era chegar em São Paulo, para onde viajávamos pela Viação Cometa, naqueles também inesquecíveis e ultra confortáveis ônibus de aço, em design streamlined, modelo anos 50 da General Motors, com ar condicionado e vidro rayban. Esse modelo da Cometa ganhou aqui o apelido indígena de Morubixaba. No dia seguinte da chegada em SP, com ingressos comprados anteriormente pela família, lá estávamos excitados na fila do Comodoro.

Vi todos os seis filmes do Cinerama original lá exibidos ("este espetáculo é exclusivo do Cine Comodoro, em nenhum outro lugar da cidade, do estado, do Brasil você poderá vê-lo" alertava uma frase embaixo dos anúncios nos jornais). Foram filmes exibidos e muito reprisados entre 59 e 65, nesta ordem: Isto é Cinerama, Cinerama Holiday, As Sete Maravilhas do Mundo, Cinerama em Busca do Paraíso, Velas ao Vento e Aventura nos Mares do Sul (este narrado por Orson Welles).

Pelos títulos, dá bem para imaginar o que eram esse filmes de viagens. Depois, o formato se esgotou, não tinham mais filmes e, em 1965, o cinema foi reformado para exibição, em sua mesma tela gigantesca e curva de películas em 70mm (no princípio ainda mantendo o nome de Super Cinerama), sem emendas, com um único projetor, re-inaugurado com o filme de guerra Uma Batalha no Inferno. Continuei assistindo ali a filmes exibidos ainda com exclusividade, em Super Cinerama, como Khartoum, Nas Trilhas da Aventura, Os Bravos Morrem Lutando, Krakatoa - o Inferno de Java, além de versões ampliadas de 35mm para 70mm como Os Dez Mandamentos, por exemplo, entre muitos outros.

Já nesse final, começam as obras do Minhocão, o centro de SP foi ficando decadente e os cinemas fantásticos começaram um a um a fechar. Mas, no Rio, em Copacabana o antigo Roxy também lançava, em 1966, esse Super Cinerama 70mm, também exibindo Uma Batalha no Inferno, seguido de todos aqueles outros títulos.

Finalmente já poderíamos curtir no Rio um pouco mais daquela experiência (ainda que diferente, já que o verdadeiro Cinerama nunca aportou fora de SP). Foi no Roxy, por exemplo, que assisti a duas sessões seguidas de 2001, em agosto de 1968, sem conseguir sair do cinema, tal a emoção.

Depois, em 1969, re-inaugurava-se o Metro Passeio, agora chamado de Metro Boavista, com sua impressionante projeção D-150 (película 70mm) numa tela gigante, igualmente curva, com o filme As Sandálias do Pescador. Lá, assisti, entre outros títulos espetaculares, o magnífico A Filha de Ryan, de David Lean, além da reprise de A Conquista do Oeste, última produção do Cinerama original, de 1962 e que havia sido lançado no Brasil em cópias normais em 35mm. No Metro Boavista, apresentado em 70mm e projetado na tela curva de Dimensão-150, o filme resgatou seu impacto audiovisual original. Neste breve panorama das telas panorâmicas no Rio, vale lembrar que antes do Roxy, o Cine Vitória, ali na Senador Dantas, em 1965, inaugurava o 70mm no Rio com o lançamento em exclusividade do musical My Fair Lady, exibido ali durante meses, simultânea à exibição, no Cine Palácio, ali bem pertinho, de A Noviça Rebelde, projetado em Todd-AO durante 54 semanas consecutivas entre 1965 e 1966.

O Roxy foi dividido em três, o Metro Boavista fechado, o Vitória idem...e, infelizmente, ficou o Rio, cidade grande e culturalmente importante, desprovido de uma sala sequer para fazer algum lançamento especial nesse formato, ao contrário de Nova York, Londres, Paris, Cidade do México, Buenos Aires e mesmo São Paulo.

Quem nunca viu, de verdade, o que estou descrevendo, não tem uma pálida idéia do que tenha sido esses formatos de projeção. Assistir 2001: Uma Odisséia no Espaço em qualquer tela plana de qualquer multiplex ou, pior, em quaisquer desses novos monitores de televisão widescreen é um insulto ao filme de Stanley Kubrick. Em São Paulo, o Comodoro ainda é uma lembrança viva, pois está lá, aparentemente intacto em seu interior, fechado desde março de 97. A marquise ainda anuncia sua última atração, Evita. Tem um telefone na porta, 877-1899 com um letreiro "vende-se". Anotei, de onda. Dá vontade de perguntar o preço...sonho impossível!

Texto criado em 1999 e publicado no site Cinemascópio, de Kleber Mendonça Filho.

Veja, também, artigo do mesmo autor, neste blog:
MARAVILHAS DO CINERAMA

CINE COMODORO CINERAMA (01/09/2000)
por Kleber Mendonça Filho

João Luiz Vieira sempre falou sobre registrar o Cine Comodoro, seja com um texto ou fotos. Com o triste incêndio que o destruiu, na tarde de sexta-feira, 18 de Agosto, nossa homenagem ao Cinema foi montada meio que às pressas, mas com a certeza de que estamos tentando honrar o valor histórico e cultural que a sala teve para São Paulo.

Veja, também, artigo do mesmo autor, neste blog:
COMODORO VISITADO ANTES DO INCÊNDIO

Cine Comodoro visitado antes do incêndio

por Kleber Mendonça Filho ( jornalista e cineasta pernambucano. Seus filmes (curtas e médias-metragens) já tiveram passagens por festivais importantes no exterior como Cannes (Quinzena dos Realizadores), Clermont Ferrand, Huesca, Roterdã, Hamburgo, Brief Encounters (Inglaterra), Tampere (Finlândia), Cork (Irlanda), Uppsala (Suécia), Karlovy Vary (República Checa) e Interfilm (Berlim) e já contabilizam mais de 60 prêmios nacionais e internacionais. Mora no Recife e possui um site, o Cinemascópio)
Em uma sexta-feira, 18 de agosto de 2000, tinha acabado de chegar a São Paulo e fui visitar uma pessoa muito querida na redação da Folha de São Paulo. Saindo de lá, passei andando pela Av. São João e, como geralmente faço, fui até à fachada do cinema Comodoro Cinerama. A fachada era geralmente hostil, isolada por grades, cercas de arame e tapumes. Desta vez, havia um trabalhador na sala de espera e a grade estava aberta. Pedi para entrar. A sensação foi estranha, pois descobri que aquela rua imunda escondia um palácio intacto, de cores vermelhas maciçamente empoeiradas por dentro.
Foi uma emoção interessante entrar naquele lugar que, na verdade, não significava nada para mim no sentido de experiências pessoais (nunca vi um filme lá), mas tinha total consciência do que a sala devia significar para muita gente. Lembrei de todos os jornais de São Paulo, que vi ao longo da minha infância e adolescência, com os filmes que passaram lá anunciados, especialmente os exibidos em 70 mm. (Mad Max 2, A Filha de Ryan, Caçadores da Arca Perdida, E.T., são os que eu lembro), formato que caiu em desuso ao longo dos anos, e que viu seu fim no Comodoro, último cinema do país a exibir este formato grande.
O cinema estava intacto, como um lugar fechado há anos, muita poeira, mas INTACTO. Achei as cadeiras meio vagabundas, azul claras, obra dos anos 60. No entanto, descendo o auditório pelo corredor-rampa, impossível não babar ao olhar para a cortina vermelha em camadas, fechada. A tela era mesmo tão curva (Cinerama) que se você tocasse no centro da curva, teria que olhar para trás, por cima dos ombros, para ver as pontas da tela, esquerda e direita. Você sentia-se cercado pela tela de cinema. Se a imagem de qualquer atriz projetada naquela tela (Ornella Mutti me veio à cabeça) abrisse os braços, você se sentiria abraçado.
Afastei a cortina pesada e vi que a tela era aquela Cinerama original, toda em tirinhas, mais adequada para o formato que utilizava três projetores, já que a luz não refletia para fora da tela. A tela especial, no entanto, estava em frangalhos, como se "Freddy Krueger" tivesse passado a mão nela, desalinhada, destroçada. Escondida embaixo da majestosa cortina, no entanto, não fazia muita diferença, nem mesmo se existia uma tela ali.
De costa para a cortina, olhei o auditório, cercado de altos falantes (uma caixa de som estava jogada numa cadeira, na lateral) e procurei, no balcão (segundo andar de poltronas), as duas cabines extras de projeção, usadas para a tela tripla do Cinerama, que usava três projeções sincronizadas para formar uma imagem larga. Localizei possíveis pontos e realmente havia dois lugares que pareciam ter tido algo lá, mas não saberia precisar se realmente existiu, pois alguma reforma deve ter consertado a estrutura. De qualquer forma, imagino que o Comodoro tenha exibido aquele outro Cinerama, o Super Panavision 70. "2001 - Uma Odisséia no Espaço" deve ter passado lá, imagino o que não deve ter sido vê-lo lá.
Subi ao primeiro andar pela sala de espera (meio fantasmagórica) e entrei na cabine de projeção. Tomei um susto. Realmente, esperava ver um espaço vazio, sem projetores (pois sempre são as primeiras peças levadas do corpo de um cinema, como um coração arrancado rapidamente para transplante em outro paciente que ainda tem chances de vida). Não esperava ver na cabine, pedaços de rolos de cópias em 70 mm jogadas pelo chão. Havia metros da vinheta da UIP (United International Pictures) e partes de algum filme difícil de identificar (alguém nadando). Havia também diários dos operadores, com anotações de filmes exibidos.
Pois é, tudo isso e eu não tinha minha câmera fotográfica comigo, não peguei pedaços de filmes, nem os diários. Achei que poderia voltar lá, pois o trabalhador disse que estaria lá, ao longo da semana. Houve um incêndio no local, exatamente uma semana depois, foi quando perdi a oportunidade de registrar tudo que vi, exceto pelo que estou escrevendo. Me perturba observar que a pequena matéria na Folha de São Paulo, no dia seguinte do incêndio, não trouxe nenhum registro histórico. O Comodoro foi tratado como uma farmácia em chamas, ou uma antiga repartição destruída por uma enchente. Ironicamente, foi na Folha, onde havia me encontrado com uma pessoa muito querida, o jornal que publicou um texto desprovido de apego ao passado e à história.
É prova de que a memória coletiva é mesmo muito curta, sobre um lugar que foi importante para tanta gente e que, da noite para o dia, desaparece, sem nada mais. Não é síndrome de "Cinema Paradiso", mas vejo salas de cinema (especialmente as antigas) como monumentos à passagem do tempo, lugares impregnados de gente e suas histórias. Que, pelo menos, exista algum registro fotográfico. Essa parte é realmente triste. Será que alguém tem?

Cine Comodoro, uma experiência inesquecível

Por Ricardo Antonio Domeneghetti (ricardoantoniodomeneghetti@yahoo.com.br)

Assistir a um filme no extinto cine Comodoro era diversão garantida e um momento muito especial. Nunca vou me esquecer do som e da projeção, pois até hoje nunca tivemos nada melhor.












A primeira vez que fui a este cinema, assisti o monumental "OS DEZ MANDAMENTOS", após longa espera de mais de seis meses devido às filas enormes que rodavam o quarteirão. O momento mágico começava com a música de abertura, que ao terminar culminava com a abertura das cortinas e o filme se iniciando. Que imagem, que som puríssimo! Revi o filme umas dez vezes, e quando saiu de cartaz, a sua próxima atração, "ROMEO E JULIETA", de Franco Zeffirelli, não ficou atrás!

No cine Comodoro, os filmes ficavam semanas, meses em cartaz... Assisti a outros filmes maravilhosos por lá, como "A FILHA DE RYAN", "2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO", "GREASE - NOS TEMPOS DA BRILHANTINA", "... E O VENTO LEVOU" e "BEN-HUR". Sem falar no famoso "TERREMOTO" que fazia tremer as poltronas e até causou algumas rachaduras no reboco do prédio onde o cinema ficava...
QUE SAUDADES!

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BIBLIOGRAFIA DO SITE

PRINCIPAIS FONTES DE PESQUISA

1. Arquivos institucionais e privados

Bibliotecas da Cinemateca Brasileira, FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Mackenzie.

2. Principais publicações

Acervo digital dos jornais Correio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.

Acervo digital dos periódicos A Cigarra, Cine-Reporter e Cinearte.

Site Arquivo Histórico de São Paulo - Inventário dos Espaços de Sociabilidade Cinematográfica na Cidade de São Paulo: 1895-1929, de José Inácio de Melo Souza.

Periódico Acrópole (1938 a 1971)

Livro Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, de Vicente de Paula Araújo - Ed. Perspectiva - 1981

Livro Salas de Cinema em São Paulo, de Inimá Simões - PW/Secretaria Municipal de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura - 1990

Site Novo Milênio, de Santos - SP
www.novomilenio.inf.br/santos

FONTES DE IMAGEM

Periódico Acrópole - Fotógrafos: José Moscardi, Leon Liberman, P. C. Scheier e Zanella.

Fotos exclusivas com publicação autorizada no site dos acervos particulares de Joel La Laina Sene, Caio Quintino,
Luiz Carlos Pereira da Silva e Ivany Cury.

PRINCIPAIS COLABORADORES

Luiz Carlos Pereira da Silva e João Luiz Vieira.

OUTRAS FONTES: INDICADAS NAS POSTAGENS.