Homenagem a Dante Ancona Lopez

Por Lia Ancona de Faria, filha de Dante Ancona Lopez

Dante Ancona Lopez, meu pai, foi um grande pai e uma pessoa com todas as contradições que sua época proporcionava. Havia a vida na família e a vida lá fora e estes mundos só se encontravam com muita dificuldade.

Dante e sua esposa Linda Ancona Lopez


Amava seu trabalho que, a partir de um certo ponto, era o cinema. Cuidava dos cinemas e dos filmes escolhidos como quem cuida de um filho.

Quando havia uma estreia, a preocupação era com o clima: vai chover? Pois a chuva espanta quem vai ao cinema…. E a sala, será que vai encher, com este frio?

Qualquer filme novo era um evento. Chamava toda a família para assistir a pré-estreia e, se alguém não gostasse, era melhor não dizer nada, pois Dante ficava ofendido pela 'cria'.



Trabalhou muito, pra sustentar uma família com 5 filhos, todos estudando em escolas particulares. Mas também se divertiu muito, pois seu espírito era alegre e, sempre que dava, organizava uma viagem à Europa, num tempo em que a Europa ainda era muito longe!

Veio de uma família grande, tinha 9 irmãos, sempre muito unidos.

Deixou o trabalho com mais de 80 anos e nunca foi esquecido por quem é próximo ao cinema, pelos exemplos que deixou.

É com grande alegria que estou escrevendo essas linhas que me foram solicitadas.

Dante faleceu em 30/12/1999. Não esperou o novo século, e isto foi a cara dele, que nunca deixou de ser um grande romântico. Os anos 2000 não foram feitos pra sonhadores.

Descansa em paz, meu pai, com todo o meu amor.

Agradeço a Lia Ancona de Faria pelo texto feito carinhosamente para o blog Salas de Cinema de São Paulo e por toda a atenção dada por sua filha Alessandra Ancona de Faria, diretora da CIRCULARTE EDUCAÇÃO.


Morre exibidor pioneiro de filmes de arte em SP

Por Leon Cakoff (1948-2011) – Folha de S.Paulo – 06/01/2000

Difícil imaginar o que teria sido dos cinéfilos brasileiros sem o trabalho abnegado de Dante Ancona Lopez, que morreu no último dia 30, aos 90 anos.



Certamente, nomes de alguns dos grandes gênios do cinema como Fellini, Bergman, Bresson, Antonioni e Kurosawa não seriam tão populares entre nós. Dante criou em São Paulo, ao inaugurar em 1957 o antigo cine Coral, na Rua Sete de Abril, com o filme de Fellini "La Dolce Vita", um novo conceito de programação, que espalhou seguidores pelo país: o do ‘cinema de arte’.

Os exibidores de então, nada distintos dos de hoje, totalmente dependentes da máquina hollywoodiana, viam em Dante a figura de um louco que acreditava em filmes, autores e cinematografias de países completamente à margem do massificado. Felizmente, a sua programação fazia sucesso e passou a ter o mais forte aliado possível da época, os exibidores Julio e Florentino Llorente e Antonio Serrador. E foi para o extinto Circuito Serrador que Dante Ancona Lopez reformou o cine Trianon, que foi reinaugurado, em 1967, como Belas Artes, então com três salas, escrevendo uma das mais bem-sucedidas histórias da programação de cinema em São Paulo. Gostava de dialogar com o seu público, criando sempre frases para os anúncios dos filmes que lançava, acompanhados do seu lema Espetáculo, Polêmica e Arte.

Antes do BelasArtes vieram as iniciativas de criar e presidir a Sociedade Amigos da Cinemateca, em 1962, e inaugurar o cine Picolino, na Rua Augusta, em 1965. Foi também publicitário e radialista, dirigindo nos anos 40 um programa na Rádio Cruzeiro do Sul ao lado de Francisco Alves. Como publicitário, dirigiu os suplementos do jornal ‘A Gazeta’ e ingressou no cinema, em 1933, quando cuidou para a RKO da campanha de lançamento de "King Kong".

Os últimos trabalhos de Dante Ancona Lopez no cinema foram a transformação do cine Rio, no Conjunto Nacional, em Cine Arte Um, e a assessoria que deu ao efêmero Elétrico Cineclube.

CINEMATECA BRASILEIRA - FOLHETOS DE SALAS

ACESSE O BANCO DE DADOS


BIBLIOGRAFIA DO SITE

PRINCIPAIS FONTES DE PESQUISA

1. Arquivos institucionais e privados

Bibliotecas da Cinemateca Brasileira, FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Mackenzie.

2. Principais publicações

Acervo digital dos jornais Correio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.

Acervo digital dos periódicos A Cigarra, Cine-Reporter e Cinearte.

Site Arquivo Histórico de São Paulo - Inventário dos Espaços de Sociabilidade Cinematográfica na Cidade de São Paulo: 1895-1929, de José Inácio de Melo Souza.

Periódico Acrópole (1938 a 1971)

Livro Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, de Vicente de Paula Araújo - Ed. Perspectiva - 1981

Livro Salas de Cinema em São Paulo, de Inimá Simões - PW/Secretaria Municipal de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura - 1990

Site Novo Milênio, de Santos - SP
www.novomilenio.inf.br/santos

FONTES DE IMAGEM

Periódico Acrópole - Fotógrafos: José Moscardi, Leon Liberman, P. C. Scheier e Zanella.

Fotos exclusivas com publicação autorizada no site dos acervos particulares de Joel La Laina Sene, Caio Quintino,
Luiz Carlos Pereira da Silva e Ivany Cury.

PRINCIPAIS COLABORADORES

Luiz Carlos Pereira da Silva e João Luiz Vieira.

OUTRAS FONTES: INDICADAS NAS POSTAGENS.