Memórias do cinema de rua - Ivo Minkovicius


A primeira e a última sessão de cinema
Por Ivo Minkovicius - Ilustrador, escritor e designer gráfico.

A garoa fina que caia na Tiradentes fez com que ficássemos encolhidos sob a sua sombrinha florida. Assim permanecemos por uns dez minutos até o ônibus elétrico chegar.
– Como você sabe que ônibus a gente tem de pegar?
– Por que estou passando por debaixo da roleta e você não?


Não houve tempo dela responder, pois naquele exato momento ela agarrava a minha blusa de lã para que eu não escapasse pela tangente da curva que o motorista, tal qual Speed Racer em seu Mach 5, fazia em alta velocidade.

Sentei sobre o seu colo.

As janelas eram estranhas, sem ordem, algumas azuis, outras vermelhas, quase não deixavam a gente ver o que se passava lá fora.

O trajeto foi rápido. Descemos na Ipiranga bem na frente do cinema. Uma placa enorme mostrava o fusca.

Usava uma calça vermelha e meu inseparável tênis Conga azul marinho.
– Por que a gente não entra logo?
– Porque a outra sessão ainda não acabou.
– O que é sessão?


Na bomboniere ela comprou uma barra de chocolate branco. Guardei no bolso da calça para comer apenas num momento especial do filme.

Finalmente entramos. A sala era enorme, a tela deveria ser 287 mil vezes maior que a nossa televisão Philips de madeira que tínhamos em casa. Eu não piscava.

Um filme começou antes do filme e era colorido!
– Cadê o fusca?
– Ainda não começou, já, já ele aparece e você vai começar a entender tudo.
– O filme também é colorido?
– É sim.


Quando aquele fusca branco com o número 53 apareceu na tela tive a certeza absoluta de que precisava ter um desses para mim. Era um tipo de cachorro, um amigo. E mais, eu não precisaria dirigir, ele faria isso por mim. De toda forma, eu não dirigia, não era um adulto. Eu não queria ser um adulto e também não precisava ser um. Pra quê? Se ela estava do meu lado, sorrindo e respondendo às minhas infinitas perguntas.

Ilustração : Ivo Minkovicius

– Vamos. Você precisa ir.

Ela não queria. Há meses, talvez anos, ela não ia ao cinema.
– O filme é ótimo, você precisa ir.

Leitora voraz, o que ela gostava era de uma boa história. Do Jorge Amado, foi toda a obra; dos clássicos brasileiros deve ter lido tudo, alguns russos e um monte de livros encadernados de sua estante. Agora, ela não tinha mais paciência para ler.
– Está bem, vamos.

Peguei o carro. Tinha de ser num shopping, local de fácil acesso e que ela não precisasse andar muito.

Era um sábado de outono, quente e lindo.

No caminho tentei falar de amenidades. Sentia o esforço que ela fazia para estar ali. Um tempo difícil.

A sessão começou. De rabo de olho notava a sua expressão atenta. Logo nas primeiras cenas ela sorriu. Algo verdadeiro e infantil que eu não via há anos.

O menino, ator do filme, era uma espécie de “eu mesmo misturado com os meus filhos”, a semelhança era desconcertante a ponto de me deixar confuso.

O filme, poesia pura, fez com que ela e eu fôssemos transportados para um cine Ipiranga dos anos de 1970. Aguardava que um fusca branco com o número 53 surgisse no meio do campo de concentração e arrancasse os dois personagens principais daquela tragédia e que em seu caminho de fuga pegasse a nós dois também. Nos levasse para uma avenida Tiradentes úmida e que eu pudesse ficar com ela sob a sua sombrinha florida indefinidamente.

As luzes se acenderam. Ela tinha, como eu, os olhos marejados e livres. Como um remédio, o cinema a curou por alguns minutos.

A calça vermelha ficou eternamente manchada de branco por causa do chocolate que não comi.

Nunca mais assisti a Se Meu Fusca Falasse e A Vida é Bela.

Feliz dia das mães.

São Paulo (SP) - 08/05/2022



Memórias do cinema de rua - José Roberto Torero


Cinemas da minha rua
Por José Roberto Torero - Escritor, cineasta, roteirista e jornalista.

Em Santos, onde nasci, só havia cinemas de rua. As salas em shoppings só chegaram quando eu já estava em São Paulo, fazendo a faculdade de Letras. Então, o cinema de rua para mim é, antes de tudo, um lugar de boas memórias.

Lembro, por exemplo, da primeira vez que fui ao cinema sozinho, pegando ônibus e tudo. Me senti um adulto. Eu tinha nove ou dez anos e minha ideia era ver um filme sobre Emerson Fittipaldi. Mas confundi os nomes dos cinemas e acabei indo parar no cine Caiçara, onde estava passando “Tom e Jerry”. Não foi daquela vez que alcancei a maioridade.

Lembro de ir a pé com meu avô ao imenso cine Brasília (virou supermercado), em Santos, para ver sessões duplas. Nunca me esqueço do dia em que assistimos a um filme de bang-bang e outro de romanos. Na volta, fiquei pulando sobre a cama de meus avós, morrendo e matando mil vezes, ora com revólveres, ora com lanças, às vezes misturando tudo.

Lembro que, também com meu avô, fui ver Independência ou Morte, no Praia Palace. E não imaginava que aquele era meu primeiro encontro com o Chalaça, personagem de meu primeiro livro.

Lembro das sessões Coca-Cola em que eu e meus irmãos íamos nos domingos pela manhã. O filme nem importava tanto. O que valia mesmo era o refrigerante grátis, que a gente podia tomar à vontade. Foi minha iniciação nas nobres artes de segurar xixi e soltar arroto.

Lembro de ver Caçadores da Arca Perdida junto com umas mil pessoas no Roxy. Houve urros, palmas e gritos. As torcidas organizadas de futebol ficariam enrubescidas.

Lembro de ir no Alhambra para ver um filme ‘só para maiores’. Menti que tinha 18 anos, mas estava com 15 e parecia ter 13. O porteiro, com pena, me deixou entrar. Pelo título, Casanova, pensei que veria um filme cheio de seios e bundas. Mas o diretor, um tal de Fellini, decepcionou minhas espinhas adolescentes. Esperava mais sexo e não entendi nada. Aliás, esta talvez seja uma boa frase para minha lápide.




Depois, lembro de ver o ciclo Bergman no cine Independência e pensar “é diferente, mas é legal”, e lembro que o Indaiá-Arte fazia umas semanas malucas, passando um filme de arte por dia.

Nesse mesmo Indaiá-Arte lembro que fui ver Manhattan, de Woody Allen. Eu e mais dois amigos tínhamos ido ver uma comédia com Burt Reynolds noutro cinema, mas não havia lugar. Só nos restou o cinema ao lado, onde passava um filme em preto e branco. Lembro que gostei um bocado e comecei a pensar que fazer filmes podia ser divertido. Acabei fazendo roteiros de mais de dez longas, outro tanto de curtas-metragens e de um bocado de programas de tevê.

São Paulo (SP) - 26/02/2025


Memórias do cinema de rua - Lucimara Soriano


A magia dos cinemas de rua: meu primeiro encontro com a telona
Por Lucimara Leite Machado Soriano - Bibliotecária.

Eu ainda era uma jovenzinha quando entrei em um cinema pela primeira vez. Devia ter uns 14 ou 15 anos quando a amiga da minha mãe nos levou – eu e minha irmã, que ainda não sabia ler - para assistir E.T. - O Extraterrestre.




O destino dessa experiência inesquecível foi o famoso e esplendoroso Cine Comodoro Cinerama, um verdadeiro templo da sétima arte. Nada ali era como eu imaginava. Era muito melhor! Fiquei deslumbrada com aquela tela gigantesca, que parecia me transportar para dentro do filme. Quando as luzes se apagaram e a projeção começou, o silêncio da plateia foi quase ensurdecedor – só interrompido pelo sussurro da amiga da minha mãe, que lia as legendas no ouvido da minha irmã.

Foi fantástico! Mas, depois desse dia mágico, levou um bom tempo até que eu voltasse ao cinema e me apaixonasse de vez pela telona.

Quando comecei a namorar o Antonio Ricardo Soriano, criador do blog Salas de Cinema de São Paulo, o cinema voltou com força total na minha vida. Ele já era um grande apaixonado pela sétima arte, e nosso namoro foi marcado por sessões inesquecíveis. Me encantei com Indiana Jones, vibrei com Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros, Uma Cilada para Roger Rabbit, A Última Tentação de Cristo, Madame Bovary, … desde então, nunca mais paramos!




Hoje, posso me considerar uma espectadora mediana – assisto a muitos filmes e séries em casa, e de vez em quando, ainda vamos ao cinema. Mas confesso: os cinemas de shopping jamais terão o mesmo encanto daqueles cinemas de rua, onde tudo parecia mais mágico, mais grandioso… e onde, pela primeira vez, eu descobri a paixão pelo cinema! 🎬✨

São Paulo, 21/03/2025

Memórias do cinema de rua - Victor Sanches Hernandes Martins Braz


Cinefilia em trânsito
Por
Victor Sanches Hernandes Martins Braz - Cientista Social. Apaixonado por cinema e crítico de cinema na página Naminhopinião.

Diferentemente do que gostaria, minhas memórias iniciais com cinema são dos tempos das locadoras.

Em Niterói, frequentava a Cahu Vídeo, em que descobri diversos filmes incríveis que me acompanham até hoje, como Star Wars - A Ameaça Fantasma, O Som ao Redor, 2001: Uma Odisseia no Espaço, Blade Runner - O Caçador de Androides, entre outros.




Minha vivência com cinemas de rua é relativamente recente - até porque, só tenho 23 anos. Isto muito por conta de que eles são cada vez menos.

Em uma cidade como São Paulo, tal qual o Rio de Janeiro, por exemplo, os cinemas de rua ainda existem, mas em uma quantidade diminuta comparada ao século passado. O cinema saiu das ruas e direcionou-se aos shoppings, espaços de mercado, do Capital, o que, é claro, condiciona o consumo da conhecida Sétima Arte a uma lógica maior de consumo.

Dentro da importante A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica, Walter Benjamin nos traz esta questão: o cinema é uma arte que nasce no capitalismo, feita para a reprodução e pensada para o consumo, um produto, portanto, e, como tudo que é gestado neste modo de produção, visa exclusivamente ao lucro e à maior visibilidade.

O consumo de cinema não se trata mais, hoje, principalmente, apenas de assistir a um filme, portanto, mas também de despesas como alimentação, transporte, estacionamento, entre outras. Claro, nas ruas também era assim, com uma circulação de pessoas e dinheiro, mas nos shoppings, o consumo maior é praticamente obrigatório, e a relação das pessoas com o cinema muda: a escolha ‘Ir ao cinema’ é completamente diferente da ‘Vou ao Shopping e vejo o que está passando’.

Em Retratos Fantasmas - excelente filme, inclusive -, o cineasta Kleber Mendonça Filho explora justamente esta mudança nas paisagens da cidade, a saída dos cinemas das ruas para os shoppings.




Voltando ao propósito original deste texto, tento ir ao máximo aos cinemas de rua, ainda que a experiência mais tecnológica de uma sala IMAX seja somente possível nos shoppings. Ir ao Cine Belas Artes ou ao Espaço de Cinema Augusta - e seu maravilhoso anexo, no lado oposto da calçada - são experiências incríveis. Ir assistir a um filme com um público que igualmente está lá para ter a mesma experiência que você é sempre algo mágico.

São Paulo, 12/03/2025

Memórias do cinema de rua - Sylvio Gonçalves


Os cinemas de rua do Grande Méier
Por Sylvio Gonçalves - Autor-roteirista de filmes como “S.O.S. Mulheres ao Mar”, “Ricos de Amor” e “Diários de Intercâmbio”.

A lembrança mais antiga que tenho de assistir a um filme em sala de cinema é Se Minha Cama Voasse, produção de 1971 dos estúdios Disney que chegou ao Brasil apenas em 1973. Como eu tinha então pouco mais de cinco anos, a memória me é vaga, mas confirmei no acervo digital do Jornal do Brasil que o filme esteve em cartaz em dezembro de 1973 no Santa Alice. Esse era um cinema que eu frequentava na região da Zona Norte do Rio de Janeiro conhecida como ‘Grande Méier’. Tendo morado durante a infância e a adolescência nessa região, os cinemas aos quais meus pais costumavam me levar eram Imperator, Art-Palácio Méier, e o citado Santa Alice.

O Santa Alice era sediado à Rua Barão de Bom Retiro, 1095, Engenho Novo. Era um cinema grande, com 1.235 lugares, de fachada simples, mas interior confortável, inaugurado em 1952, e que lamentavelmente foi um dos primeiros que eu vi ser convertido em igreja evangélica, já em 1982. É uma construção tombada e cuja fachada parece razoavelmente preservada, mas me pergunto se os moradores mais jovens sequer suspeitam que ali já foi um dos ‘palácios de cinema' da Zona Norte. Além de “Se Minha Cama Voasse”, lembro de ter assistido ali a outras produções dos estúdios Disney. Inclusive há uma foto famosa de 1980, que mostra uma fila de pais e filhos aguardando para assistir no Santa Alice a uma matinê do relançamento de Pinóquio (1940), sendo que a mesma marquise apregoa, na soirée, a produção erótica japonesa O Império dos Sentidos (1976). São aproximadamente dessa época os últimos dois filmes que lembro de ter assistido no Santa Alice: Meteoro (1979) e A Fúria de Chicago (1980).

O Imperator, felizmente, foi um cinema que permaneceu um pouco mais na minha vida. Conhecido à época como ‘o maior cinema da América Latina’, com 2.400 lugares, ficava na Rua Dias da Cruz, 170, bem no coração do Méier. Inaugurado em 1954, funcionou como cinema até 1986, e, felizmente, foi convertido primeiro numa casa de shows, que chegou a receber artistas internacionais, como a estrela Shirley MacLaine. A casa de shows durou pouco tempo, e o local permaneceu fechado até reabrir como Imperator - Centro Cultural João Nogueira, que inclui o cine Carioca Méier, com 179 lugares, capacidade comparável a uma sala de cinema de shopping. Dos tempos de palácio de cinema do Imperator, a minha lembrança mais marcante é de assistir à O Império Contra-Ataca (1980), certamente a maior tela na qual vi esse épico de ficção científica. O Imperator ficava muito perto da minha escola, Colégio Metropolitano, de modo que muitas vezes saí correndo da aula para pegar a primeira sessão noturna de filmes como Jornada nas Estrelas: O Filme (1979) ou 007 - Somente Para Os Seus Olhos (1981). Foi ali que vi um dos meus filmes favoritos, Os Demônios, dirigido por Ken Russell em 1971, mas liberado pela censura apenas em 1984.


A outra sala principal do Méier era menor, mas igualmente simpática, o Art-Palácio Méier, que ficava à Rua Silva Rabelo, 20. Foi inaugurado em 1957 como cine Eskye Méier, e rebatizado Art-Palácio Méier em 1959. Com 1076 lugares, era uma sala de médio porte, contando com poltronas confortáveis e boa projeção, mas me incomodava particularmente o fato de as portas da sala darem para o lobby que, por sua vez, tinha portas de vidro que saíam diretamente na rua – ou seja, nas sessões diurnas, luz vazava para a tela cada vez que chegavam novos espectadores, o que naquela época de venda ininterrupta de ingressos na bilheteria, era constante. Esse era outro cinema dedicado a blockbusters, e ali assisti a produções como Galáctica: Astronave de Combate (1978), Laços de Ternura (1983) e Nikita: Criada Para Matar (1990). Hoje é uma igreja evangélica.

Ainda no Méier tínhamos dois cinemas mais simples, que confrontavam um ao outro por cima da linha férrea que divide o bairro. De um lado, o Bruni Méier, à Rua Amaro Cavalcanti, 105, pertencia ao circuito Bruni, e minha lembrança mais feliz eram os 'festivais de férias' que exibiam relançamentos de filmes de grande sucesso. Inaugurado como cine Méier em 1929, e rebatizado Bruni Méier em 1963, passou a exibir uma programação exclusivamente pornográfica em seus últimos anos, antes de fechar em 1999. Hoje é uma concessionária de motos Honda.

Do outro lado dos trilhos do trem ficava o Paratodos, à Rua Arquias Cordeiro, 350. Era uma sala com programação excelente, onde pude ver filmes importantes como Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977) e Kramer Vs Kramer (1979), incluindo os nacionais Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), em relançamento em 1982, e Com Licença, Eu Vou à Luta (1986). A boa programação, entretanto, contrastava com as acomodações espartanas, que incluíam cadeiras de madeira que pareciam datar de sua inauguração em 1935. O Paratodos foi fechado no começo dos anos 2000 para dar lugar a uma igreja evangélica.

Quando cheguei à adolescência, passei a me deslocar para outro bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, a Tijuca, que até fins dos anos 1980 contou com um número de cinemas grande o bastante para abarcar simultaneamente quase toda a programação da cidade. Aos poucos, passei a ver filmes também no Centro e na Zona Sul, apenas aumentando a lista de cinemas de rua extintos que guardo na memória e no coração.

Rio de Janeiro (RJ) – 25/03/2025

O nascimento de um cinéfilo: uma autobiografia

Por Antonio Ricardo Soriano

Os filmes de Jerry Lewis, na Sessão da Tarde, as reprises de A Fantástica Fábrica de Chocolate ou, até mesmo, os antigos seriados de TV, como Viagem ao Fundo do Mar, me despertaram um grande interesse pelos filmes logo na infância. Aguardava com ansiedade a chegada das férias escolares para poder assistir aos muitos filmes que passavam no Festival de Férias nas tardes da TV. Isso nos anos de 1970 quando o VHS não havia chegado ao Brasil.




Quem me levou pela primeira vez ao cinema foi meu pai. Assistimos juntos Se Meu Fusca Falasse e filmes de Os Trapalhões em cinemas próximos de casa, como o cine Nacional (no bairro da Lapa) e os cines Haway e Flórida (no bairro de Perdizes).

Mas foi em 1980, quando eu tinha apenas 10 anos de idade, que a paixão pelo cinema se manifestou. Meu tio Gilberto me levou para assistir ao filme Xanadu, com Gene Kelly e Olivia Newton-John, no melhor cinema de São Paulo: o Comodoro Cinerama. Foi ali que tive, pela primeira vez, a experiência do cinema espetáculo. Um musical maravilhoso visto numa tela gigantesca e com som de extrema qualidade, que só o cine Comodoro podia nos proporcionar. O filme me despertou a curiosidade de pesquisar sobre cinema, na época apenas em jornais e revistas.

Lobby card do filme Xanadu (1980)


Em seguida tive novas e agradáveis experiências no cine Comodoro, como as exibições de E. T. - O Extra-Terrestre, Tron – Uma Odisseia Eletrônica, Jogos de Guerra, Indiana Jones e o Templo da Perdição e De Volta para o Futuro. Nesse período, passamos a ter nas bancas de jornal, uma revista especializada em cinema, a Cinemin, que vinha do Rio de Janeiro. Uma excelente revista com rico conteúdo sobre as novidades do cinema e sua história.  

Interessante dizer que, talvez, aquela minha recente paixão pelo cinema acabou influenciando e motivando o meu tio Gilberto. Ele também se interessou mais por cinema e, a partir daí, passou a comprar livros, revistas e discos com a trilha sonora de filmes.

Meu tio Gilberto (in memoriam)


Passei a dividir a paixão pelo cinema com a música. Em 1981, uma grande banda de rock britânica veio pela primeira vez ao Brasil: era Freddie Mercury e sua banda Queen. O show foi transmitido ao vivo pela Bandeirantes FM e eu gravei tudo em duas fitas cassetes. O Rock & Roll passava a ser o meu ritmo musical preferido.

Em 1983, senti pela primeira vez a “presença da Força” assistindo ao filme O Retorno de Jedi no cine Ouro (no Largo do Paissandú), o sexto episódio da saga Star Wars. Depois, precisei aguardar a reprise de Guerras nas Estrelas e O Império Contra Ataca pela TV aberta.

A curiosidade e as pesquisas sobre cinema aumentaram. Em 1985, tive a ideia de fazer um jornal sobre o tema, talvez, influenciado pelo farto material que meu tio havia adquirido. A ideia surgiu em um sonho e, ao acordar, fiz os primeiros esboços. Algo bem simples, com colagens de notícias de jornais.

Apresentei o jornal aos meus primos Roberto e Marcos Gabler, que logo se interessaram. O Marcos já trabalhava na área de publicidade e se ofereceu para fazer o design gráfico do jornal. Estimulados, eu e o Roberto combinamos de pesquisar e redigir textos para o jornal que teve o nome escolhido no mesmo dia: Cine Fanzine.

Os números 1 e 2 do Cine Fanzine


Como ainda não existia a internet, essas pequenas publicações, chamadas de fanzine (fan + magazine) eram bem cultuadas.

O Cine Fanzine acabou ficando bem atraente e com bom conteúdo textual. O primeiro número foi lançado no início de 1986 e teve uma tiragem bem pequena que foi distribuída no Cineclube Oscarito. Em seguida, alguns exemplares foram enviados através de cartas aos associados do The Pictures Club, um fã-clube de cinema também criado por nós. Um exemplar do fanzine acabou chegando à redação de jornalismo da TV Cultura, que nos chamou para duas entrevistas: uma ao vivo, no programa especializado em cinema Imagem & Ação e outra gravada, no programa de variedades Panorama.

Entrevista ao vivo no programa Imagem & Ação da TV Cultura


O lançamento do fanzine culminou com a chegada do videocassete em minha casa. Que alegria! Começavam ali as maratonas de filmes durante os finais de semana. Cheguei a ficar sócio da recém-lançada 2001 Vídeo Locadora (na Av. Paulista) para locar clássicos do cinema. Os lançamentos ficavam por conta das locadoras do bairro.

Lançamos o nº 2 do Cine Fanzine em setembro de 1986 e já preparávamos o terceiro quando tivemos que cancelar o projeto por motivos profissionais. Um ciclo criativo de minha adolescência terminava, cedendo lugar para a fase adulta.

A partir dos anos de 1990, acompanhei com tristeza o fechamento de quase todos os cinemas de rua que frequentei e outros que acabaram mudando a programação para filmes pornográficos. A Cinemark trouxe suas micros-salas de cinema para os shoppings e, logicamente, não me encantaram. Passei um longo período longe dos cinemas, mas não das vídeo-locadoras. Acompanhei o cinema através dos lançamentos em VHS e, depois, dos DVD’s.

Os anos se passaram, casei e tive uma linda e encantadora filha. Foram anos muito felizes e, também, de muito trabalho.

Em 2003, comecei a trabalhar na biblioteca do Colégio Dante Alighieri. Passei a ter acesso diário a muitas informações culturais. Foi uma inspiração enorme para começar a concretizar mais uma grande ideia.

Sentia saudades daqueles incríveis momentos no cine Comodoro, lá nos anos de 1980, e a ideia de homenagear esse cinema passou a ser uma constante. Pesquisava na internet e não encontrava quase nada sobre o cinema. Apenas dois textos incríveis: um do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho e outro do carioca e professor João Luiz Vieira.

O cine Comodoro Cinerama


A ideia inicial era pesquisar e guardar tudo que eu pudesse encontrar sobre o cine Comodoro e, mais tarde, publicar um livro. Em 2007, minha amiga bibliotecária e escritora Roseli Pedroso, mostrou-me a ferramenta Blogger para a criação de blogs. Ela estava criando o seu blog sobre biblioteconomia, o Bibliotequices & Afins.

Era o que faltava para se homenagear o cine Comodoro! Rapidamente comecei a criar o meu primeiro blog.

Minha esposa iniciou uma Pós-graduação no Mackenzie e passei a levá-la. No aguardo do término das aulas, aproveitava o tempo livre para fazer pesquisas na biblioteca de arquitetura da universidade. Foi quando consegui um volume enorme de fotos e informações sobre os antigos cinemas de São Paulo. 

Fiquei fascinado com a qualidade do material adquirido e a ideia de homenagear o cine Comodoro se ampliou. O blog, agora, passava a contar a história de todos os antigos e atuais cinemas de São Paulo. O blog Salas de Cinema de São Paulo acabava de ser criado!

O início foi muito difícil. Tinha muito material e pouco tempo para publicar. Tive que fazer uma grande mudança no blog: dividi-lo em dois - ou melhor, criar mais um: o blog Salas de Cinema de São Paulo - Banco de Dados. Não dava para misturar as informações de cada cinema com textos (crônicas, memórias, biografias, etc.). Demorou um ano para que o layout dos dois blogs fosse concluído.

Tenho muito orgulho de ter criado os blogs 
Salas de Cinema de São Paulo! Agora com os domínios adquiridos. 
As páginas já possuem uma enorme quantidade de informações sobre a história dos cinemas de São Paulo e são cultuadas por pesquisadores, universitários e amantes da sétima arte.

De 2013 a 2018, voltei a frequentar os cinemas. 
Desta vez, na região da Av. Paulista, semanalmente, nos dias do rodízio do meu carro. Uma deliciosa e inesquecível maratona de mais de 160 filmes assistidos! Nos cines Belas Artes, CineSesc, Espaço de Cinema Augusta, Marquise (no Conjunto Nacional) e Reserva Cultural.

A experiência de assistir os filmes no cinema é infinitamente superior a assisti-los em casa.

Deixo aqui, nesse texto, um pouco de minha trajetória com o mundo do cinema. Um mundo de histórias reais e fictícias que nos emocionam. A chamada Sétima Arte que, para mim, é a soma de todas as artes!

São Paulo (SP) - fevereiro/2019

Homenagem a Dante Ancona Lopez

Por Lia Ancona de Faria, filha de Dante Ancona Lopez

Dante Ancona Lopez, meu pai, foi um grande pai e uma pessoa com todas as contradições que sua época proporcionava. Havia a vida na família e a vida lá fora e estes mundos só se encontravam com muita dificuldade.

Dante e sua esposa Linda Ancona Lopez


Amava seu trabalho que, a partir de um certo ponto, era o cinema. Cuidava dos cinemas e dos filmes escolhidos como quem cuida de um filho.

Quando havia uma estreia, a preocupação era com o clima: vai chover? Pois a chuva espanta quem vai ao cinema…. E a sala, será que vai encher, com este frio?

Qualquer filme novo era um evento. Chamava toda a família para assistir a pré-estreia e, se alguém não gostasse, era melhor não dizer nada, pois Dante ficava ofendido pela 'cria'.



Trabalhou muito, pra sustentar uma família com 5 filhos, todos estudando em escolas particulares. Mas também se divertiu muito, pois seu espírito era alegre e, sempre que dava, organizava uma viagem à Europa, num tempo em que a Europa ainda era muito longe!

Veio de uma família grande, tinha 9 irmãos, sempre muito unidos.

Deixou o trabalho com mais de 80 anos e nunca foi esquecido por quem é próximo ao cinema, pelos exemplos que deixou.

É com grande alegria que estou escrevendo essas linhas que me foram solicitadas.

Dante faleceu em 30/12/1999. Não esperou o novo século, e isto foi a cara dele, que nunca deixou de ser um grande romântico. Os anos 2000 não foram feitos pra sonhadores.

Descansa em paz, meu pai, com todo o meu amor.

Agradeço a Lia Ancona de Faria pelo texto feito carinhosamente para o blog Salas de Cinema de São Paulo e por toda a atenção dada por sua filha Alessandra Ancona de Faria, diretora da CIRCULARTE EDUCAÇÃO.


Morre exibidor pioneiro de filmes de arte em SP

Por Leon Cakoff (1948-2011) – Folha de S.Paulo – 06/01/2000

Difícil imaginar o que teria sido dos cinéfilos brasileiros sem o trabalho abnegado de Dante Ancona Lopez, que morreu no último dia 30, aos 90 anos.



Certamente, nomes de alguns dos grandes gênios do cinema como Fellini, Bergman, Bresson, Antonioni e Kurosawa não seriam tão populares entre nós. Dante criou em São Paulo, ao inaugurar em 1957 o antigo cine Coral, na Rua Sete de Abril, com o filme de Fellini "La Dolce Vita", um novo conceito de programação, que espalhou seguidores pelo país: o do ‘cinema de arte’.

Os exibidores de então, nada distintos dos de hoje, totalmente dependentes da máquina hollywoodiana, viam em Dante a figura de um louco que acreditava em filmes, autores e cinematografias de países completamente à margem do massificado. Felizmente, a sua programação fazia sucesso e passou a ter o mais forte aliado possível da época, os exibidores Julio e Florentino Llorente e Antonio Serrador. E foi para o extinto Circuito Serrador que Dante Ancona Lopez reformou o cine Trianon, que foi reinaugurado, em 1967, como Belas Artes, então com três salas, escrevendo uma das mais bem-sucedidas histórias da programação de cinema em São Paulo. Gostava de dialogar com o seu público, criando sempre frases para os anúncios dos filmes que lançava, acompanhados do seu lema Espetáculo, Polêmica e Arte.

Antes do BelasArtes vieram as iniciativas de criar e presidir a Sociedade Amigos da Cinemateca, em 1962, e inaugurar o cine Picolino, na Rua Augusta, em 1965. Foi também publicitário e radialista, dirigindo nos anos 40 um programa na Rádio Cruzeiro do Sul ao lado de Francisco Alves. Como publicitário, dirigiu os suplementos do jornal ‘A Gazeta’ e ingressou no cinema, em 1933, quando cuidou para a RKO da campanha de lançamento de "King Kong".

Os últimos trabalhos de Dante Ancona Lopez no cinema foram a transformação do cine Rio, no Conjunto Nacional, em Cine Arte Um, e a assessoria que deu ao efêmero Elétrico Cineclube.

Cine Belas Artes: um passeio por sua história

Por Antonio Ricardo Soriano e Luiz Carlos Pereira da Silva
Colaboração: Roseli Venancio Pedroso 
(Bibliotecária, escritora e blogueira)




INAUGURAÇÃO - CINE TRIANON

O cinema foi inaugurado em 14/07/1956 com o nome de cine TRIANON. Possuía apenas uma sala com cerca de 1400 lugares (plateia e balcão) e era administrado pela Cia. Cinematográfica Serrador Ltda. Em sua inauguração foi exibido o filme "Eles Se Casam Com as Morenas", com Jane Russel e Jeanne Crain. Estavam presentes o gerente e o diretor da Cia. Serrador, João Zeron e Dr. Florentino Llorente. Contava com aparelhos de projeção Simplex para os sistemas CinemaScope, Vista-Vision, SuperScope e Naturama e o som era estereofônico. O prédio era de propriedade de Phelippe Azer Maluf.






















REINAUGURAÇÃO - CINE BELAS ARTES

O cine TRIANON foi inteiramente reformado e reinaugurado em 14/07/1967 (aniversário de 11 anos do cinema), com novo nome: BELAS ARTES. Com a instalação de novas poltronas, a capacidade do cinema diminuiu para cerca de 1200 lugares. O filme inaugural foi "Os Russos Estão Chegando" (1966), de Norman Jewison, indicado ao Oscar em quatro categorias e ganhador do Globo de Ouro na categoria de Melhor Comédia e Melhor Ator de Comédia (Alan Arkin), além da indicação de Melhor Roteiro (William Rose).

O 'cinema de arte' passou a predominar a programação do cine Belas Artes, organizada pela Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), criada em 1962, para apoiar a Fundação Cinemateca Brasileira. O presidente da SAC, Dante Ancona Lopez (1909-1999), havia selado um acordo com a Cia. Serrador, pelo qual se responsabilizava administrativa e artisticamente pelas projeções a serem realizadas na nova sala de espetáculos.

Dante Ancona Lopez era conhecido por trazer o 'cinema de arte' a São Paulo (quando fundou o cine Coral, em 17/09/1958, na Rua 7 de Abril, 381) e já havia feito, acertadamente, a mesma experiência de levar filmes alternativos a dois cinemas menores, Scala e Picolino, também em parceria com a Cia. Serrador, razão pela qual as duas partes decidiram levar a experiência a uma sala maior.

Na cerimônia de anúncio a imprensa da inauguração do cine Belas Artes, em 12/04/1967, Dante Ancona Lopez declarou:

“Quando começamos a experiência dos cines Scala e Picolino, pensávamos ter que fazer certas concessões ao gosto do público, exibindo fitas que, não sendo meramente comerciais, não tinham padrões excepcionais de qualidade. Atualmente, verificamos que esses filmes já não satisfazem ao público que se acostumou a exigir um alto nível artístico de nossa programação. “A Passageira”, 
de Munk, que atualmente está sendo exibida naqueles cinemas – e cujo lançamento nos parecia um pouco perigoso – está tendo a melhor das repercussões. O fato é que, em sua tentativa de estabelecimento de um 'cinema de arte', a SAC foi bem-sucedida, o que em muito motivou a decisão acertada da Empresa Serrador de adotar São Paulo de um verdadeiro 'cinema de arte'. Continuaremos, pois a exibir uma programação que tenha grande categoria cultural. As sessões especiais de segundas-feiras, que vem sendo realizadas no Picolino, às 22h30, serão no cine Belas Artes, complementadas por outras manifestações artísticas. Ao invés de se limitarem a exibição de filmes de boa qualidade, que se perderam por lançamentos mal feitos, ou que não disponham de um público convencional, essas sessões serão precedidas de concertos corais e de câmara, recitais, palestras, debates, espetáculos teatrais e coreográficos”.

As apresentações não cinematográficas serviam, também, de complementação a filmes de importância artística que não tinham a duração convencional de 90 minutos ou mais. A ideia era adequar o cine Belas Artes ao lema da SAC: 
“ESPETÁCULO, POLÊMICA E CULTURA”.

















Já, Fiorentino Llorente, diretor da Cia. Cinematográfica Serrador e conselheiro-fundador da SAC declarou, em junho de 1967:

“A decisão da Cia. Serrador, de instalar um grande cinema devotado ao filme de arte, foi ditada pela necessidade de São Paulo ser possuidora de uma sala de grande categoria com programação especial, a exemplo do que acontece em outras cidades do mundo. A experiência feita no Picolino mostrou ser possível a implantação junto ao público de um novo repertório de fitas, graças a um sistema novo de promoções. O filme de arte que, antes, era um verdadeiro tabu para o exibidor, hoje, graças a ação de cinematecas, cineclubes, imprensa especializada, realizadores nacionais, debates e estudos nos meios estudantes, exibidores e distribuidores mais esclarecidos, e até mesmo solicitado por uma plateia em formação e que, em matéria de qualidade artística, é mais exigente. É muito proveitosa a aproximação entre a Cia. Serrador e a Sociedade Amigos da Cinemateca, com sua indispensável assessoria cultural”.

No 1º andar do Belas Artes, funcionava a secretaria e a biblioteca da SAC, além de uma galeria com exposições permanentes. No hall de entrada, stands com os últimos lançamentos de livros e discos de vinil. Havia, também, um pequeno palco com iluminação e sistema de som, adequados para realizar pequenos espetáculos de teatro, música e dança, além de palestras e conferências.

Os primeiros filmes exibidos no Belas Artes foram: "O Anjo Exterminador", de Luis Buñuel, "A Carroça", de Karel Kachina, "Pedro, o Negro", de Milos Forman, "Os Cachimbos do Adultério", de Voitech Jasny e "O Acusado", de Jan Kadar e Elmar Klos. Devido à grande capacidade de lotação do Belas Artes, as produções exibidas ali não podiam ser só para um público restrito, por isso, eram escolhidos filmes que atendiam os objetivos culturais da SAC e que podiam, ao mesmo tempo, chamar a atenção de um grande público.

Em 07/08/1970, o Belas Artes foi dividido em duas salas: a Villa-Lobos (com 630 lugares) e a Cândido Portinari (no local do antigo balcão ou plateia superior, com 508 lugares).






















A terceira sala foi inaugurada no subsolo do Belas Artes, em 05/12/1975, com nome de Mário de Andrade. O programador Dante Ancona Lopez decidiu utilizar as salas do térreo e do 1º andar para exibir filmes mais populares e reservar a do subsolo para ciclos e mostras especiais.













Em 1981, os fiscais da Prefeitura apontam irregularidades nas salas de exibição do cinema. A Cândido Portinari possuía paredes revestidas de madeira, a Villa-Lobos tinha escadas estreitas e sem sinalização e a Mário de Andrade tinha apenas uma saída de emergência. O cinema permaneceu aberto e teve prazo de vinte dias para realizar as mudanças exigidas.

INCÊNDIO

Um incêndio destruiu na madrugada de 10/05/1982, as instalações das duas maiores salas do Belas Artes. Primeiro a Portinari, em seguida, a Villa-Lobos. A equipe de bombeiros teve dificuldades de acessar o interior do cinema devido à elevada temperatura, agravada pelas paredes de concreto que impediam a dissipação do calor. O fogo se alastrou rapidamente graças aos materiais de fácil combustão existentes no cinema, como poltronas, carpetes, cortinas e isolantes acústicos. Até os projetores foram destruídos. A sala Mario de Andrade nada sofreu. Mesmo com salas estando ainda em situação irregular perante a Prefeitura, a perícia concluiu que o incêndio teria sido criminoso, pois foram arrombados portas e cofre.


















Na ocasião, os cartazes anunciavam: “Bodas de Sangue”, de Carlos Saura (na sala Villa-Lobos), “Crônica do Amor Louco”, de Marco Ferreri (na Cândido Portinari) e “A Mulher do Lado”, de François Truffaut (na Mário de Andrade).

REABERTURA

O Belas Artes foi reaberto para convidados em 01/06/1983 e, para o público em geral, em 02/06/1983, totalmente reformado e, agora, dividido em seis salas, cada uma batizada com o nome de um artista brasileiro. Duas salas no subsolo, Carmen Miranda e Mário de Andrade; duas no térreo (local da antiga plateia, dividida ao meio), Oscar Niemeyer e Aleijadinho; e duas no primeiro andar (local do antigo balcão e sua sala de espera), Cândido Portinari e Villa-Lobos. Cada sala com infraestrutura própria: sala de espera, banheiros e saídas de emergência.










Desta vez, os cartazes de rua anunciavam: “Danton, o Processo da Revolução”, de Andrzej Wajda (Villa-Lobos); “Retratos da Vida”, de Claude Lelouch (Cândido Portinari); “Sargento Getúlio”, de Hermano Penna (Oscar Niemeyer); “Sete Dias de Agonia”, de Denoy de Oliveira (Aleijadinho); “O Desespero de Verônica Voss”, de Rainer Werner Fassbinder (Carmen Miranda) e “Crônica de Amor Louco”, de Marco Ferreri (Mário de Andrade).















O cinema, agora chamado Gaumont Belas Artes, seguiu com a mesma linha de programação (o 'cinema de arte'), mas com uma nova administração, a distribuidora francesa Gaumont do Brasil Cinematográfica Ltda., que o comprou da Cia. Serrador e inaugurou o conceito de multiplex na cidade (o primeiro da América Latina). A Gaumont exibiria ali, grandes lançamentos do cinema francês.

Além da grande quantidade de salas, o Belas Artes retornou com muitos aprimoramentos: cor das salas, que variavam do verde ao vinho, do cinza ao marrom; poltronas em tecido, com encosto duplo e suporte para cabeça; sistema de som Dolby e equipamentos eletrônicos de projeção (com tecnologia europeia). A reforma geral durou seis meses e custou cerca de dois milhões de dólares.

O cinema foi interditado logo após a reabertura, em 15/06/1983, pela Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano e Comissão Especial de Uso e Ocupação do Solo, que analisaram o Código de Edificações e exigiram modificações no prédio, como a retirada de algumas poltronas das salas e melhorias na circulação interna, para uma saída mais rápida e segura do público. Com as mudanças realizadas, o cinema foi autorizado a iniciar suas atividades em outubro do mesmo ano. A capacidade do cinema diminuiu de 1436 lugares para 988.

DECLÍNIO

Em 29/01/1987, o Circuito Alvorada passou a controlar o Belas Artes e exibir filmes mais comerciais. O público fiel, acostumado a uma programação diferente, foi desaparecendo e, nos anos de 1990, o cinema entrou em crise e, sem manutenção, suas instalações se deterioram.















A distribuidora e exibidora carioca de filmes de arte Estação Botafogo passou a comandar o cinema em 27/07/2001 e o rebatizou como Estação Belas Artes. Retomaram a programação dedicada exclusivamente ao 'cinema de arte', privilegiando clássicos, filmes independentes e nacionais. Lançaram excelentes filmes e promoveram ciclos de diretores consagrados. 

No final de 2002, o grupo Estação resolveu concentrar suas transações no Rio de Janeiro, saindo do mercado paulista, onde administravam 10 salas (seis do Belas Artes, duas do Top Cine e duas do Studio Alvorada). André Sturm, cineasta e distribuidor, fã declarado do Belas Artes, procurou imediatamente parceiros para administrar o cinema (um sonho antigo de Sturm!).

Em 05/12/2002, o Viva o Belas Artes, movimento criado em sua defesa, conseguiu adiar o fechamento do cinema por mais alguns dias. Nesta data, o cinema exibiria as suas últimas sessões, por isso, integrantes do movimento penduraram faixas em frente ao prédio afirmando que o Belas Artes seria um patrimônio público da cidade e, portanto, não poderia fechar. O Viva o Belas Artes tinha o arquiteto Roberto Loeb como presidente e a jornalista Sonia Morgenstern Russo como vice.













ESPERANÇA

REINAUGURAÇÃO – CINE HSBC BELAS ARTES

André Sturm, proprietário da Pandora Filmes, junto de Fernando Meirelles (cineasta – diretor), Andréa Barata Ribeiro (publicitária – produtora) e Paulo Morelli (cineasta – diretor), ambos da produtora O2, tornaram-se sócios e, a partir de março de 2003, passaram a administrar o Belas Artes, evitando assim o seu fechamento. Renegociaram o aluguel do imóvel e, em dezembro, assinaram uma parceria com o banco HSBC, que acrescentou seu nome ao cinema, dando início a uma reforma total do complexo. "Hoje, com a nova parceria, estou realizando o sonho de viabilizar o projeto com sócios que têm interesses comuns", diz Sturm.

A reinauguração do cine HSBC Belas Artes aconteceu em 28/05/2004, às 20h30, com a superlotação de todas as salas de exibição, que projetavam, simultaneamente, a pré-estreia do filme "O Outro Lado da Rua", de Marcos Bernstein, estrelado por Fernanda Montenegro e Raul Cortês (ambos presentes no evento).














A programação, organizada pelos cineastas Sturm e Meirelles, passou a ser de 'cinema de arte' e filmes comerciais de qualidade, mesclados com filmes nacionais, clássicos e outros raros e inéditos no país como, por exemplo, o argentino “Histórias Mínimas” (2002), de Carlos Sorín, exibido na semana da inauguração. 

“Um cinema para quem gosta de cinema, para cinéfilos radicais, não tanto para quem prefere pipoca e shopping”, explicou Meirelles.

Dentro da programação, entre 6 a 8 filmes em cartaz, havia sempre um brasileiro, além disso, as salas recebiam mostras especiais e, uma vez por mês, o famoso Noitão, que exibia filmes na noite de sexta até o início da manhã de sábado (sempre com um filme surpresa). Umas das características da programação era atrair grande quantidade de público para filmes considerados 'pouco comerciais', como por exemplo, o filme francês “Medos Privados em Lugares Públicos”, de Alain Resnais, que ficou em cartaz por cerca de três anos.

Duas reformas, projetadas pelo arquiteto Roberto Loeb e Alexandre Toro (responsável pela comunicação visual), deixaram o hall de entrada e os corredores mais espaçosos. Em cada andar, um lobby com bar e bombonière. No 1º andar, uma grande janela, com vista panorâmica para a Rua da Consolação e no térreo, quatro novas bilheterias (e sem vidros!). Novas tecnologias foram instaladas, como novas lentes de projeção e sistema de som mais moderno. Foi instalado também, um elevador de acesso para deficientes físicos. Devido às novas poltronas, a capacidade total do cinema passou a ser de 1040 lugares: salas Aleijadinho (154); Cândido Portinari (245); Carmen Miranda (97); Mário de Andrade (88); Oscar Niemeyer (163); e Villa-Lobos (293 lugares).




























Programação de filmes na semana de inauguração: “O Herói da Família”, “O Dia Depois de Amanhã”, “Cronicamente Inviável”, “Quanto Mais Quente Melhor”, “As Bicicletas de Belleville”, “O Outro Lado da Rua”, “Viva Voz” e “Histórias Mínimas”.

O POLÊMICO FECHAMENTO

Em março de 2010, o banco HSBC retirou o patrocínio do Belas Artes. André Sturm, proprietário do cinema, iniciou uma mobilização para conseguir novos patrocinadores, pois os valores arrecadados com as bilheterias não eram suficientes para manter o complexo de seis salas funcionando. André Sturm, proprietário do cinema declarou na época: 

“Nosso problema é uma equação econômica. Em um cinema de shopping, o aluguel equivale a cerca de 10% do faturamento. Já o nosso, em torno de R$ 60 mil, chega a 25%. As contas não fecham. Da renda de um filme, 50% fica com a distribuidora. Outros 10% vão para os impostos – fora, depois, o imposto de renda, o IPTU...”

Mas, mesmo com dificuldades e sem patrocinío, o Belas Artes continuou exibindo filmes.

Iniciou-se um dramático processo de renovação do contrato de aluguel entre o proprietário do prédio, Flávio Maluf e o dono do cinema André Sturm. Flávio Maluf queria um reajuste no valor do aluguel que, segundo ele, estava muito defasado e Sturm, acertando uma parceria com novos patrocinadores, se comprometeu a pagar um valor maior.

Em 30/12/2010, às vésperas de assinar um novo contrato de aluguel, Sturm recebeu uma notificação judicial para que entregasse o imóvel até fevereiro. Sturm havia conseguido o apoio de três empresas dispostas a patrocinar o Belas Artes. Flávio Maluf recusou uma oferta de aluguel acima do valor anterior (com garantia de pagamento por cinco anos, mais correção anual) e pediu a devolução do prédio do cinema.

Em janeiro de 2011, o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) e o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) abriram processos de tombamento do prédio do cine Belas Artes. Iniciou-se uma avaliação sobre a sua relevância no conjunto de edifícios de arquitetura moderna nos anos 1940 e 1950, na caracterização urbanística da área da Rua da Consolação e da Avenida Paulista. Analisando também, a necessidade de se preservar a arquitetura original do antigo cine Trianon (precursor do Belas Artes), obra de 1956, do arquiteto de origem italiana Giancarlo Palanti (1906-1977). Com a abertura dos processos, o proprietário do imóvel ficou obrigado a pedir autorização para qualquer alteração que pretendesse realizar no prédio.

O anúncio do fechamento do Belas Artes desencadeou inúmeras manifestações populares, entre passeatas, criação de blogs e páginas em redes sociais, além de abaixo-assinados físicos e eletrônicos com o registro de cerca de 28 mil adesões. Paralelo a isso, ocorreram manifestações de funcionários do cinema e protestos de cineastas e críticos. Contudo, nada impediu que o Belas Artes fechasse as portas em 17/03/2011.

André Sturm chegou a visitar imóveis no centro da cidade para alugar e abrir um novo cine Belas Artes, mas desistiu, acreditando que o processo de tombamento pudesse reverter a situação, mesmo após o fechamento.

Depoimento do cineasta Carlos Reichenbach (1945-2012): 

“Cada cinema de rua que fecha é o mesmo que uma biblioteca desativada ou uma praça pública depredada. Seja em São Paulo, ou pior ainda no interior, equivale a necrose da artéria da vida social da aldeia. Não vejo paliativos para ‘salvar’ patrimônios culturais enfermos e/ou ameaçados; a solução será sempre extrema. Tombamento já!”.

17/03/2011
AS ÚLTIMAS SESSÕES

O último dia de funcionamento do Belas Artes teve uma programação especial com clássicos do cinema, batizada de A Última Sessão do Cinema: “La Dolce Vita” (Federico Fellini, 1960), “No Tempo do Onça” (Irving Brecher, 1940), “O Leopardo” (Luchino Visconti, 1963), “O Joelho de Claire” (Eric Rohmer, 1970), “O Águia” (Clarence Brown, 1925) e “Queimada!” (Gillo Pontecorvo, 1969). As sessões estiveram lotadas e muitos frequentadores tiraram fotos para guardar de recordação.

No dia seguinte, o cinema começou a ser desmontado. Equipamentos das salas de projeção foram doados à Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA) e as poltronas de veludo, vendidas. O prédio vazio e fechado por meses foi alvo de pichadores.

















O processo de tombamento do prédio do Belas Artes foi negado pelo Conpresp (órgão municipal) em 27/09/2011 e, também, pelo Condephaat (órgão estadual) em 28/11/2011, permitindo que o dono alugasse o imóvel. O prédio teve a fachada e seu interior modificados durante décadas, o que dificultava as chances do chamado tombamento material, muito menos o imaterial, que seria a atividade de cinema do Belas Artes, também de difícil regulamentação.

Em 19/12/2011, a Justiça exigiu que os processos fossem revistos, acolhendo um pedido do Ministério Público Estadual, que fora acionado pelos defensores do cinema. Na decisão, o juiz Jayme Martins de Oliveira Neto e o promotor Washington Luís, da 13ª Vara da Fazenda Pública, afirmaram haver indícios de que os órgãos municipal e estadual não observaram 'procedimentos necessários e legais ao exame da qualidade cultural do imóvel'. Um novo estudo técnico foi iniciado e, mais uma vez, o proprietário foi impedido de alugar o imóvel, além disso, a liminar expressava que qualquer alteração e descaracterização do prédio, implicariam em multa de R$ 100 mil por dia ao dono.

O vereador Eliseu Gabriel criou a CPI Cine Belas Artes, aprovada e instalada na Câmara Municipal de São Paulo, em 11/04/2012. A comissão formada por sete vereadores, tendo como relator, o vereador Floriano Pesaro, passou a discutir e apurar a regularidade dos processos de tombamento e a função social do prédio do cine Belas Artes.

Uma grande conquista foi anunciada em 15/10/2012: a fachada do cinema e sua entrada (mais o recuo interior de 4 metros a partir da fachada) são tombadas pelo Condephaat. Um grande passo para o possível retorno do cinema, já que a medida dificultou que o dono alugasse o imóvel para outros fins. O conselho determinou ainda, que a minuta de tombamento deveria contemplar 'elementos na calçada e fachada que remontem à memória do cinema, a fim de garantir o registro permanente da memória', divulgou o Condephaat.

O FESTEJADO RETORNO

A tão esperada volta do cine Belas Artes foi finalmente anunciada, na tarde de 28/01/2014. Os atores Alessandra Negrini e Marcelo Médici abriram a cerimônia realizada na Praça da Artes, centro de São Paulo, onde foi assinado o acordo entre a Prefeitura de São Paulo, os patrocinadores Caixa Econômica Federal e Grupo Caixa Seguros, o exibidor e programador André Sturm e o proprietário do imóvel Flávio Maluf. O evento contou com as presenças de Fernando Haddad (então Prefeito de São Paulo), Juca Ferreira (então Secretário Municipal da Cultura), Marcelo Araújo (então Secretário Estadual da Cultura), entre outros.

Integrantes do Movimento Cine Belas Artes, criado após o fechamento do espaço, estiveram presentes na cerimônia para comemorar o projeto de reabertura do cinema.



































O cinema, passou a se chamar oficialmente Cine CAIXA Belas Artes e a Prefeitura de São Paulo passou a contribuir com programas culturais associados ao Belas Artes, como o Escola Vai ao Cinema, destinado aos estudantes de escolas públicas e privadas, com sessões matinais especiais, além de programas que estimulam e ampliam o acesso ao cinema. 

Vamos modernizar e colocar novos equipamentos, mas não mudaremos a programação. O Belas Artes terá a mesma cara com a qual as pessoas estão acostumadas e gostam, disse o proprietário do cinema, André Sturm.















O cinema foi todo reformado com projeto do arquiteto Roberto Loeb. Suas instalações foram modernizadas com acessibilidade para portadores de necessidades especiais melhorada e novas poltronas. Os sistemas elétrico e de ar condicionado foram completamente renovados. O Belas Artes voltou a funcionar efetivamente em 19/07/2014. Três salas foram reabertas (2, 3 e 4) e, dias depois, as outras duas. 

Por Roney Domingos (G1) - 19/07/2014

O Belas Artes passou a promover 
meia-entrada às segundas-feiras para trabalhadores e, na programação de filmes, privilegiar o cinema nacional e, também, o cinema paulista, exibindo filmes produzidos com os incentivos da Spcine. Além disso, o tradicional Noitão retornou com muito sucesso! Maratona de filmes realizada durante a madrugada, sempre com uma temática diferente.

O BELAS ARTES, NOVAMENTE, EM BUSCA DE UM NOVO PATROCINADOR

O contrato de patrocínio com a Caixa Econômica Federal venceu em 31/12/2018 e acabou não sendo renovado. A partir de 28/02/2019, o cinema voltou a se chamar Cine Belas Artes.

Em 17/03/2019, cinéfilos e produtores da área do cinema compareceram com balões de coração para demonstrar o amor ao 'Belas'. Movimento popular que ajudou na procura de soluções para manter as portas do Belas Artes abertas. Defendia sua importância, não apenas como um patrimônio afetivo, mas como um dos mais importantes pontos de encontro artístico e intelectual da cidade de São Paulo. O evento contou com o apoio e organização do grupo de cinéfilos chamado Vamos ao Cinema Juntos?, que se reúnem, semanalmente, para ir ao cinema, discutir filmes, conversar e fazer novas amizades.



Em 02/05/2019, André Sturm, junto de sua sócia, a cineasta e empreendedora cultural Paula Trabulsi, anunciou o novo patrocinador do Belas Artes, a Cerveja Petraatravés de um contrato de 5 anos. 
O cinema passou a se chamar Petra Belas Artes.

Em setembro de 2023, o Grupo Petrópolis anunciou que não renovaria o patrocínio da Cerveja Petra com o cinema. Mas, desta vez, o Cine Belas Artes, conhecido como o CINEMA DE RUA MAIS AMADO DE SÃO PAULO, logo conseguiu um novo patrocinador. 

O Cine Belas Artes anunciou, em 03/01/2024, uma parceria com a REAG Investimentos, que patrocinará o cinema, que agora passa a se chamar REAG Belas Artes. O período de vigência do contrato de naming rights é de cinco anos, com a possibilidade de extensão.

CENTRO CULTURAL

Em Maio de 2024, o REAG Belas Artes passou a ser, oficialmente, um Centro Cultural, instituição sem fins lucrativos. Além das exibições cinematográficas, o prédio passou a ter atividades como shows, exposições, exibição de filmes com trilha sonora ao vivo, debates, peças de teatro e feiras.

A reinauguração do espaço como Centro Cultural aconteceu na noite do dia 30/04/2024, com a renomeação de três das seis salas de cinema do histórico cinema. A sala 4 passou a se chamar Helena Ignez, em homenagem à atriz dos cinemas Novo e Marginal. A sala 5 homenageia o crítico de cinema Luiz Carlos Merten, e a 6, Léo Mendes, Gerente de Inteligência do Belas Artes Grupo, empresa de André Sturm. 

Curiosidade: Léo Mendes iniciou sua experiência cinematográfica como Gerente e Assistente de André Sturm na programação de filmes do extinto Cineclube Oscarito, entre 1989 e 1991. 

Na mesma noite, André Sturm anunciou a doação do cinema ao Centro Cultural, que foi criado por um grupo de colaboradores do Belas Artes e que será coordenado por Juliana Brito, Diretora Executiva no Belas Artes Grupo, que une as empresas REAG Belas Artes, Pandora Filmes e Belas Artes À LA CARTE.

André Sturm escreveu em sua rede social: 
Noite muito especial. Celebrações e homenagens. Em um novo tempo. Um grupo de colaboradores do Belas criou um Centro Cultural e eu doei o cinema para eles. Uma nova geração de cinéfilos e uma entidade sem fins lucrativos. São 20 anos cuidando deste filho. Sensação de dever cumprido!





"Dedico este texto às duas pessoas mais importantes da história deste 'templo do cinema', o criador da identidade cultural do Belas Artes, Dante Ancona Lopez e a aquele que frequentou o cinema na infância e que é um verdadeiro herói na preservação deste patrimônio cultural da cidade, André Sturm" 
- Antonio Ricardo Soriano

REAG BELAS ARTES
Rua da Consolação, 2423 - Consolação
São Paulo - SP
Telefone:  (11) 2894.5781

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BIBLIOGRAFIA DO SITE

PRINCIPAIS FONTES DE PESQUISA

1. Arquivos institucionais e privados

Bibliotecas da Cinemateca Brasileira, FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Mackenzie.

2. Principais publicações

Acervo digital dos jornais Correio de São Paulo, Correio Paulistano, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo.

Acervo digital dos periódicos A Cigarra, Cine-Reporter e Cinearte.

Site Arquivo Histórico de São Paulo - Inventário dos Espaços de Sociabilidade Cinematográfica na Cidade de São Paulo: 1895-1929, de José Inácio de Melo Souza.

Periódico Acrópole (1938 a 1971)

Livro Salões, Circos e Cinemas de São Paulo, de Vicente de Paula Araújo - Ed. Perspectiva - 1981

Livro Salas de Cinema em São Paulo, de Inimá Simões - PW/Secretaria Municipal de Cultura/Secretaria de Estado da Cultura - 1990

Site Novo Milênio, de Santos - SP
www.novomilenio.inf.br/santos

FONTES DE IMAGEM

Periódico Acrópole - Fotógrafos: José Moscardi, Leon Liberman, P. C. Scheier e Zanella.

Fotos exclusivas com publicação autorizada no site dos acervos particulares de Joel La Laina Sene, Caio Quintino,
Luiz Carlos Pereira da Silva e Ivany Cury.

PRINCIPAIS COLABORADORES

Luiz Carlos Pereira da Silva e João Luiz Vieira.

OUTRAS FONTES: INDICADAS NAS POSTAGENS.